A Justiça Federal abriu ação penal nesta quarta-feira (29) contra o empresário Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, e mais 12 investigados na Operação Lava Jato. A Procuradoria da República atribui ao empreiteiro e aos outros acusados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A decisão é do juiz federal Sergio Moro.
É a primeira vez que Otávio de Azevedo vira réu em ação penal da Lava Jato. Na terça-feira (28), outro empreiteiro, Marcelo Odebrecht, também tornou-se réu pelos mesmo crimes atribuídos ao presidente da Andrade Gutierrez.
Azevedo é acusado de orientar a atuação dos demais denunciados nas tratativas com o operador Fernando Soares para repasse de propinas à Diretoria de Abastecimento da Petrobras.
No processo contra Otávio de Azevedo, também são réus o doleiro Alberto Youssef, os executivos Antônio Pedro Campelo de Souza, Armando Furlan Júnior, Elton Negrão de Azevedo Júnior, Paulo Roberto Dalmazzo, os operadores Fernando Antônio Falcão Soares, Flávio Gomes Machado Filho, Lucélio Roberto Von Lehsten Goes, Mario Frederico Mendonça Goes, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato de Souza Duque (Serviços) e o ex-gerente da estatal Pedro Barusco.
O MPF apontou na denúncia dez contratos da Petrobras em que foram encontrados indícios de irregularidades. “Os recursos obtidos através desses contratos, que têm sua origem em crimes de cartel e ajuste fraudulento de licitação, foram utilizados, após a sua submissão a condutas de ocultação e dissimulação, para pagamento das propinas”, considerou Moro ao acatar a denúncia.
Os contratos apontados foram realizados na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; dois contratos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj); na Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia; na Refinaria de Paulínea (Replan), em São Paulo; Gasoduto Urucu-Manaus; Centro de Pesquisas (Cenpes), no Rio de Janeiro; Centro Integrado de Processamento de Dados (CIDP), no Rio de Janeiro; Gasoduto Gasduc III, no Rio de Janeiro e Termina de Regaseificação da Bahia (TRBA).
No despacho, Moro aponta uma série de pagamentos realizado pela Andrade Gutierrez a empresas pertencentes a operadores do esquema e afirma que o operador Mário Goes afirmou em delação premiada que parte dos valores pagos era propina destinada a funcionários da Petrobras.
“Mario Goes reconheceu ao MPF que, dos contratos de consultoria acima referidos da Rio Marine com a Andrade Gutierrez, cerca de R$ 1,5 milhão correspondiam a valores pagos em contraprestação de serviços efetivamente prestados, enquanto o restante seria propina dirigida a Pedro Barusco”, destacou o juiz.
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