O presidente da BR Distribuidora, José Lima Neto, esteve ao menos cinco vezes no gabinete do senador Fernando Collor (PTB-AL) no Senado desde que assumiu o cargo no final de 2009. Os encontros foram a pedido de Collor – denunciado na última semana pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por envolvimento em esquema de corrupção envolvendo a subsidiária da Petrobras.
Ex-presidente da UTC Engenharia Ricardo Pessoa disse que repassou a Collor R$ 20 milhões para conseguir obras de infraestrutura na BR licitadas na gestão de Lima Neto.
O presidente da BR conheceu Collor quando era secretário de Petróleo e Gás, nomeado pelo então ministro das Minas e Energia Edison Lobão. Antes disso, comandou a Petroquisa, subsidiária da Petrobras subordinada a diretoria de Paulo Roberto Costa. Collor e Paulo Roberto são alvos da Lava Jato.
A pessoas próximas, Lima Neto diz que chegou na BR pelas mãos do seu antecessor, o ex-presidente do PT e da Petrobras José Eduardo Dutra, e nega ter recebido apoio político de Collor e Lobão.
Apesar disso, vai perder o cargo na BR no mesmo momento em que os dois senadores deixaram de ter controle político da empresa. Lima Neto não é citado nas investigações da Lava Jato, mas já disse a interlocutores que o fato de ter presidido a empresa quando ocorreram as ilegalidades nas licitações o enfraqueceram.
O governo contratou um headhunter para buscar um nome no mercado para substituí-lo. Oficialmente, a justificativa é que a empresa esta abrindo 35% do seu capital e necessita de um nome forte. No mês passado, toda diretoria foi substituída e apenas ele foi mantido no cargo.
Entre os que já deixaram a empresa no rastro da Lava Jato estão dois nomes apadrinhados por Collor: o ex-diretor de Operações e Logísticas José Zonis e o ex-diretor de Rede de Postos Luiz Sanches.
Relatório de auditoria sobre as licitações sucessivas vencidas pela UTC tocadas pela diretoria de Zonis indica que ele teve dois encontros com Ricardo Pessoa em datas consideradas chaves para o certame.
Uma das reuniões na sede da BR, no Rio de Janeiro, ocorreu em 5 de agosto de 2010, mesmo dia em que houve o lançamento do convite para as obras do Basul. À comissão de auditoria, Zonis disse que não se recordava que assunto trataram.
Zonis também já recebeu Collor na BR. A subsidiária da Petrobras decidiu estabelecer a partir de agora novas regras para o recebimento de visitas pelos diretores. O assunto tratado será registrado e a conversa terá que ser acompanhada.
Resposta da BR
Sobre as reuniões do presidente da BR com o senador Fernando Collor, a empresa informou que “as obras realizadas pela UTC para a Petrobras Distribuidora não foram tratadas em nenhuma reunião entre Lima e qualquer político, incluindo o senador Collor” e que ele, eventualmente, “recebe e visita parlamentares, governadores, prefeitos e representantes de entidades da sociedade civil”.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada