O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), afirmou na noite desta sexta-feira (4), que vai pedir ao Ministério Público mais informações sobre o vídeo em que o delator do esquema do mensalão do DEM, Durval Barbosa, aparece dando um maço de dinheiro para a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF).
Segundo o presidente da Casa, as imagens divulgadas pelo site do jornal "O Estado de S. Paulo" "são fortes". Ele afirma que vai pedir mais informações ao Ministério Público (MP). Só depois, a Câmara deve se manifestar sobre quais ações vai tomar.
"As imagens divulgadas pelo OESP dep Jaqueline Roriz sao fortes. Câmara vai pedir ao MP +info p ver quais acoes vai tomar sobre o assunto", escreveu o deputado em sua página no microblog Twitter.
No vídeo, que não tem data, mas, segundo o site do jornal, foi gravado durante a campanha eleitoral de 2006, Jaqueline Roriz e o marido dela, Manoel Neto, aparecem recebendo R$ 50 mil das mãos de Durval Barbosa. O local da entrega do dinheiro foi a sala de Barbosa, delator do esquema. Na ocasião, ele era secretário de Relações Institucionais do governo de Joaquim Roriz, pai da deputada.
No vídeo, Durval coloca sobre a mesa um maço de notas. Jaqueline, então deputada distrital, olha para o dinheiro, mas é o marido dela quem pega o pacote e coloca dentro de uma mochila. Na conversa, de acordo com o jornal, o casal reclama do valor recebido. "Rapaz, não é fácil ser candidato. Resolve isso para mim cara!", apela Neto.
Nesta sexta, a assessoria da deputada não deu resposta às solicitações de entrevista. O assessor da família Roriz, Paulo Fona, disse que ela não assistiu ao vídeo, que está viajando e só se manifestará depois do carnaval. "Ela não viu o vídeo e, se ela falar, vai ser depois do carnaval e depois de ver o vídeo. Vale ressaltar que quem recebe o dinheiro é o marido dela e não ela", disse Fona.
O inquérito sobre o mensalão do DEM, um suposto esquema de corrupção que envolveu parlamentares, integrantes do governo e empresários no Distrito Federal, tramita sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça desde novembro de 2009 e não envolve a deputada Jaqueline Roriz. Segundo a assessoria da Polícia Federal, o vídeo revelado nesta sexta não faz parte do conjunto de provas até então reunidas no inquérito.
Como deputada federal, Jaqueline tem prerrogativa de foro e só pode ser investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cabe à Procuradoria Geral da República (PGR) decidir se solicita a abertura de inquérito ou envia o material ao STJ para ser juntado ao inquérito do mensalão do DEM. Na hipótese de passar a incluir a deputada, o inquérito pode ser todo transferido para o Supremo.
Jaqueline Roriz sempre negou envolvimento dela e do pai no esquema. Em discurso, em abril passado, chamou de "cara de pau" a deputada Eurides Brito, flagrada na mesma sala em que o marido de Jaqueline também aparece pegando o dinheiro. Eurides Brito foi cassada no ano passado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal depois que um vídeo gravado por Barbosa mostrou a então deputada colocando dinheiro na bolsa. O advogado de Eurides Brito, Jackson Domênico, disse que ela não tem interesse em se manifestar sobre o assunto.
Braga Netto repassou dinheiro em sacola de vinho para operação que mataria Moraes, diz PF
Defesa de Braga Netto diz que provará que não houve obstrução das investigações
Parlamentares de direita e integrantes do governo repercutem prisão de Braga Netto
Da revolução à ruína: a fraqueza original que selou o destino do comunismo soviético
Deixe sua opinião