Ao longo dos últimos 14 anos, o vereador João Cláudio Derosso (PSDB) foi o responsável por gerir um orçamento de R$ 1,1 bilhão, em valores atualizados. O montante é equivalente à soma das receitas das cidades de Londrina e Guarapuava em 2010. Como presidente da Câmara de Vereadores, Derosso não administrou toda essa verba sozinho. Mas, para efeitos de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado, por exemplo, ele é o responsável pela verba da Casa.
Grande parte do dinheiro da Câmara, assim como em todos os órgãos públicos, é destinada para folha de pagamento. Em 2010, por exemplo, do orçamento de R$ 80,2 milhões da Casa, R$ 72,9 milhões foram usados para pagamento de pessoal. Entretanto, mesmo as verbas "carimbadas" podem ser gerenciadas conforme as diretrizes do comando legislativo.
Além disso, dizem especialistas, os presidentes das câmaras têm várias possibilidades para gastar nos projetos e ações de seu interesse. Isso ocorre por meio das licitações e dos contratos firmados com os vencedores das concorrências.
Desde 1997 até agora, sob o comando de Derosso, a Câmara de Curitiba assinou 175 contratos. O dinheiro gasto com prestação de serviços, locação ou aquisição de itens totaliza R$ 142,5 milhões, em valores atualizados, de acordo com dados do Portal do Controle Social, mantido pelo TC. Desse valor, a grande parte (R$ 95 milhões) foi utilizada para pagar serviços de publicidade.
"Os presidentes do Legislativo sempre têm boa autonomia orçamentária, podendo realocar receitas e direcionar para outros gastos. É muito poder para qualquer um, ainda mais para quem se mantém tanto tempo no cargo", observa Ricardo Oliveira, professor de Ciência Política da UFPR. O economista François Bremaeker, gestor do Observatório de Informações Municipais, pondera que há instâncias de fiscalização para controlar os presidentes das Câmaras. "As contas precisam ser aprovadas pelos próprios legislativos e pelo Tribunal de Contas. E ainda há o MP."
Procurado pela reportagem, Derosso não respondeu aos questionamentos sobre o tema.
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