O presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, deve deixar a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, na próxima segunda-feira (30). O juiz federal Sérgio Moro marcou a audiência para homologar o acordo de delação premiada. Assim como o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, ele cumprirá prisão domiciliar sob monitoramento, usando uma tornozeleira eletrônica. Em seus depoimentos, Avancini falou sobre a existência de esquema de corrupção no setor elétrico.
Avancini disse aos investigadores que a empresa pagou cerca de R$ 100 milhões em propina para obter contratos de obras na usina de Belo Monte. Segundo o executivo, o valor foi dividido entre PT e PMDB, com cada um dos partidos ficando com 1% do valor dos contratos.
A informação, segundo fontes ligadas à negociação da empreiteira com o Ministério Público Federal (MPF) de Curitiba, foi fundamental para fechar a delação premiada de Avancini. O executivo contou detalhes do esquema que funcionava em Belo Monte, e, só a partir daí, os procuradores aceitaram fazer acordo. Ele falou também sobre as irregularidades em Angra III.
Já Leite declarou à força-tarefa da Operação Lava-Jato que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pediu em 2010, R$ 10 milhões a título de propina devida à diretoria de Serviços, controlada na época pelo ex-diretor Renato Duque. Em nota, a empresa negou as irregularidades.
Avancini está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde novembro do ano passado, quando foi deflagrada a sétima fase da Operação Lava Jato. Nessa semana, 11 presos da carceragem foram transferidos para o Complexo Médico Penal, em Pinhais, por ordem do juiz federal Sérgio Moro.
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O executivo Gerson Almada, da Engevix, ainda não foi transferido para sistema penitenciário. Ele está prestando depoimentos à PF e a transferência não tem data para acontecer. Os depoimentos de Almada não têm caráter de colaboração.
O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, também está preso na PF em Curitiba. Ao contrário dos demais executivos, ele não foi transferido para o Complexo Médico Penal. A expectativa é que Pessoa feche um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal, mas segundo o advogado dele, Alberto Toron, as negociações estão estacionadas por enquanto. Pessoa é apontado pelos investigadores como o líder do cartel de empresas que foi formado para acertar os contratos com a Petrobras.
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