O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, defendeu nessa quarta-feira (19), em Tóquio, no Japão, que o processo em curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode resultar na cassação da chapa Dilma Rousseff/Michel Temer, não seja mais discutido. Na sua avaliação, uma sentença no sentido da impugnação da chapa teria como efeito colateral a destituição do atual presidente, prolongando a turbulência política no país.
Ao longo de 2015, Robson Andrade era contrário ao impeachment de Dilma Rousseff, mas mudou de opinião em 2016 e passou a defender a destituição, tendo inclusive publicado uma carta aberta pedindo a mudança, cerca de 96 horas antes da votação.
Questionado sobre como o meio empresarial vê o processo em trâmite no TSE, o presidente da CNI disse que o Brasil não pode mais sofrer com a instabilidade política. “Eu não vejo agora que essa questão deva ser discutida. Nós estamos começando a caminhar em um novo patamar, em uma nova direção. Se você começa a romper de novo com as questões institucionais, o Brasil não tem jeito.” “É preciso que a gente ponha o pé no chão, saiba que essas questões são do passado e que temos de olhar para o futuro.”
Robson Andrade liderou em Tóquio a comitiva de empresários brasileiros que manteve contato com líderes empresariais japoneses na Keidaren, o equivalente local da CNI. Temer participou do encontro, no qual defendeu a estabilidade institucional e segurança jurídica no Brasil para sair da crise econômica. O presidente da CNI concorda. “Eu vejo o presidente Temer muito tranquilo com relação a essas questões”, disse Robson Andrade, referindo-se ao processo no TSE. “E todas as notícias que a gente vê, inclusive do próprio TSE, é de que essa questão é de longo prazo.”
Um dos motivos pelos quais Robson Andrade diz não desejar o avanço do questionamento da chapa Dilma/Temer no TSE é o bom entendimento que o meio empresarial vem tendo com o governo. “A interlocução é muito aberta, muito franca com o governo brasileiro, com o presidente Temer e com os ministros”, explicou.
“Isso é importante para que possamos colocar as nossas opiniões e mostrar aquilo que está indo muito bem, aquilo que precisa ser corrigido. É uma interlocução muito positiva.”
Para o dirigente, esse cenário contrasta com o vivido pela CNI durante a gestão de Dilma Rousseff. “No período anterior tinha até questões políticas que dificultavam a interlocução com o governo, porque o governo tinha dificuldades com o próprio Congresso”, argumentou. “Acho que estamos em um caminho muito bom, em um momento muito bom.”