Em uma nova estratégia para esvaziar a CPI da Petrobras, o PT marcou para a próxima terça-feira o depoimento da presidente da estatal, Graça Foster, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Foster havia desmarcado um outro depoimento na mesma comissão, que ocorreria na semana passada, por orientação da bancada do PT no Senado que considerava mais prudente deixá-la falar na própria CPI.
Agora, o PT entende que a ida de Foster à CAE pode fazer a CPI perder força diante da possibilidade real dela ser instalada no Senado. Os petistas afirmam, nos bastidores, que a fala do ex-presidente Lula de que o partido deve "ir para cima" para impedir a instalação da CPI da Petrobras motivou a sigla a incentivar a ida da presidente da empresa neste momento.
Presidente da CAE, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que Foster lhe telefonou na tarde de ontem pedindo para marcar o depoimento. O senador consultou a bancada, que avalizou sua ida. "Ela já tinha me dito desde a outra vez que queria prestar depoimento, mas por orientação da bancada, cancelou. Pode ser útil para baixar esse clima. Ela poderá falar e explicar tudo", afirmou Lindbergh. O senador disse que, se a CPI da Petrobras for instalada, a presidente da estatal estará "à disposição" para prestar um novo depoimento na comissão de inquérito.
Os depoimentos de Foster e do ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, tinham sido sugeridos pelo PT antes dos pedidos de criação da comissão de inquérito para que eles rebatessem as denúncias de irregularidades no negócio envolvendo a compra da refinaria de Pasadena (EUA).
Renan
Ao defender ontem a instalação da CPI ampla da Petrobras com poderes para investigar temas externos à estatal que desagradam a oposição, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que o Congresso não pode deixar de investigar denúncias de corrupção em outros setores.
Renan disse que o cartel do Metrô de São Paulo e as atividades do Porto de Suape (PE), temas incluídos na CPI da Petrobras por aliados da presidente Dilma Rousseff, têm legitimidade para serem apurados no âmbito da comissão de inquérito.
"Ora, como é que o Congresso vai investigar a Petrobras, e eu acho que deve investigar sim, e não vai investigar o metrô, o Porto de Suape, a corrupção que houve com dinheiro público no Ministério da Ciência e Tecnologia que pagou inclusive marqueteiros nas campanhas eleitorais? Vamos aproveitar e investigar tudo", afirmou.
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