Depois de duas horas de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), anunciou que reunirá a Executiva e o Conselho Político do partido na próxima semana para selar o apoio ao governo Lula. Temer disse que, na reunião, o presidente Lula afirmou que quer o partido responsável por "políticas públicas", mas que não foi tratado de cargos e ministérios que o partido poderá ocupar no próximo governo.
- Não conversamos sobre cargos e ministérios. Se for conseqüência de um projeto, o chamamento do PMDB poderá resultar em cargos e ministérios. O que o PMDB não aceita é ser apodado de fisiológico, que troca apoio por cargos - disse Temer depois da reunião.
No encontro, Lula entregou ao PMDB uma "agenda mínima de coalizão" de sete itens, que incluem reforma política, reforma tributária e política econômica, tributária e fiscal com o comprometimento de crescimento mínimo de 5% nos próximos quatro anos. O presidente se comprometeu ainda em consolidar as políticas de transferência de renda e examinar caso a caso a situação fiscal dos estados.
Governadores eleitos em outubro defendem a renegociação da dívida, entre eles o peemedebista André Puccinelli (MS). O sétimo item da agenda é a criação do conselho político, composto por partidos da coalizão, para acompanhar as ações do governo.
- O presidente convidou o partido para uma conversa que ele insistententemente chamou de coalizão política com o PMDB. Ele ressaltou a importância do PMDB para o governo e insistiu na responsabilidade do PMDB com a governabilidade - disse Michel temer, acrescentando que o partido teve a "satisfação de receber um projeto para o país".
Todas as instâncias
Temer disse que vai ouvir todas as instâncias do partido antes de fechar o apoio com o governo para evitar "equívocos como aquele do primeiro mandato", em que setores do partido apoiavam o governo e o resto fazia oposição. Na disputa presidencial deste ano, Temer apoiou o tucano Geraldo Alckmin, enquanto José Sarney e Renan Calheiros estavam com Lula.
A reunião foi dividida em duas partes. Nos primeiros 30 minutos, Lula conversou com Temer, acompanhado do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Depois se juntaram ao grupo o ex-governador Orestes Quércia e os deputados Henrique Eduardo Alves (RN), Moreira Franco (RJ), Tadeu Filippelli (DF).
Quércia disse que Lula só deverá formatar o Ministério depois das eleições. Segundo ele, o presidente quer conciliar a negociação da equipe ministerial com a definição dos futuros presidentes da Câmara e do Senado.
- O presidente acha que o governo está indo bem e que não há necessidade de criar problema - afirmou.
Depois da reunião, o presidente do PMDB, Michel Temer, avisou que o partido não abrirá mão da presidência das Casas onde tiver maior bancada.Tarso: negociações vão até dezembro
Tarso demonstrou otimismo com a quantidade de partidos que apoiarão o governo no segundo mandato de Lula. Segundo Tarso, o governo tem certeza de que PT, PSB e PCdoB integrarão a coalizão. Outros quatro partidos - PV, PDT, PP e PL - ainda se reunirão com o presidente. Tarso disse que as negociações com os partidos irão até a primeira semana de dezembro.
Governo de coalizão
- Um governo de coalizão exige um ritmo mais lento de negociação e parâmetros mais claros quando se trata de formar um governo em que os sujeitos ativos são os partidos políticos. A formação de um governo de coalizão não envolve relações fracionárias, regionais, mas isso não significa que o presidente não vá mais falar com lideranças regionais - afirmou.
Tarso Genro explicou que alguns partidos poderão apoiar o governo nas votações no Congresso e não participar do governo de coalizão. A participação num governo de coalizão significa que os partidos terão ministros e participarão do conselho político do governo. Ao dar essa explicação, Tarso citou o PTB, que se reunirá com Lula nesta quinta-feira às 9h30m.
- A bancada do PTB pode se declarar governista, mas o PTB não participar da coalizão.
No encontro desta quarta-feira, Temer informou o presidente da decisão de seis senadores do PMDB de não apoiar o governo. São eles os recém-eleitos Jarbas Vaconcelos (PE) e Joaquim Roriz (DF), além de Geraldo Mesquita (AC), Mão Santa (PI), Almeida Lima (SE) e Garibaldi Alves (RN). Segundo Temer, no entanto, a totalidade dos governadores peemedebistas é favorável à coalizão.
A criação do bloco pode ser um duro revés para o governo Lula e pode ser um risco para a reeleição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como mostra Ilimar Franco em seu blog.
Nesta quinta-feira, o presidente deverá ter um encontro com um grupo de governadores aliados com o objetivo de difinir uma pauta de reformas para o próximo ano. A idéia do grupo é aproveitar o capital político acumulado por Lula no segundo turno das eleições presidenciais para pôr em discussão as reformas política, tributária e até mesmo a da Previdência, que não é consenso no núcleo do governo. Está sendo analisada, inclusive, a possibilidade de ser feita uma carta desse grupo de governadores em defesa de pontos políticos e econômicos como desenvolvimento, crescimento e governabilidade.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Deixe sua opinião