Arrolada como testemunha pelo relator do processo contra o deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética, a presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo, confirmou, em depoimento na manhã desta quinta-feira, que teve encontros com o ex-ministro da Casa Civil intermediados pelo empresário Marcos Valério. Ela negou, porém, que tenha tratado com Dirceu dos empréstimos do Banco Rural ao PT, via Marcos Valério. Ela falou de um encontro no Palácio do Planalto, com Marcos Valério presente, e um jantar em Belo Horizonte, sem a presença de Valério.
Kátia iniciou seu depoimento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara repetindo o que havia dito no dia 13, quando depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios. Segundo ela, "o Banco Rural foi usado" pelo empresário Marcos Valério e não teve participação em qualquer esquema de corrupção. Kátia disse também que desde o início da crise a instituição amargou prejuízo de R$ 130 milhões.
O depoimento começou por volta das 10h30m. Os parlamentares querem apurar se o ex-ministro da Casa Civil tem relação com os empréstimos feitos pelo empresário Marcos Valério para o PT.
Quando falou na CPI dos Correios, ela disse que a instituição não tinha conhecimento do esquema utilizado pelo empresário Marcos Valério de Souza para transferir recursos a parlamentares. Segundo ela, a instituição há muitos anos tem relação com as empresas de Marcos Valério, o que facilitou a assinatura do contrato de empréstimo com o PT, do qual ele foi avalista.
O processo disciplinar contra Dirceu foi instaurado no início de agosto no Conselho de Ética, a partir de uma representação do PTB contra o ex-ministro. O presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse que não se pode antecipar nem pré-julgar ninguém, e se não houver provas, o deputado não será punido pelo Conselho.
Izar classificou como injustas as críticas feitas por José Dirceu ontem, de que o Conselho teria sido arbitrário ao arquivar o pedido de retirada do processo contra ele. O advogado de Dirceu, José Luiz Lima, afirmou que o deputado espera um julgamento justo, e não político.
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