Investigadores da Operação Lava Jato suspeitam que o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo Cedraz, repassou informações sobre um processo de interesse da UTC Engenharia, empresa que teria pago propina a seu filho, o advogado Tiago Cedraz.
Em novembro de 2012, quando ainda não havia assumido a presidência do tribunal, Aroldo pediu vista de um caso envolvendo supostas irregularidades na licitação de uma das unidades da usina de Angra 3. Passados 15 dias, ele devolveu o processo ao plenário e se declarou impedido de julgá-lo.
O sucesso meteórico de Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU
Na mira da PF, o advogado acumula bens e clientes poderosos que têm interesses na Corte
Leia a matéria completaEmbora não tenha participado do julgamento, Aroldo pôde analisar por duas semanas o parecer do relator, ministro Raimundo Carrero, favorável à continuidade do processo licitatório.
O relator, como de praxe, havia liberado previamente seu voto aos outros ministros, de acordo com seu gabinete.
O procedimento de Aroldo é considerado pouco usual no TCU. Na maioria dos casos, ministros anunciam o impedimento assim que o processo entra na pauta, sem participar da tramitação.
O processo em questão interessava diretamente à UTC, construtora líder do consórcio Una 3, um dos responsáveis pelas obras em Angra 3. A licitação discutida no TCU dizia respeito a um contrato de R$ 2 bilhões.
O dono da UTC, Ricardo Pessoa, preso por suspeitas de participação no esquema de corrupção da Petrobras, firmou um acordo de delação com o Ministério Público, em troca de redução das penas.Em depoimento, o empreiteiro contou ter desembolsado R$ 1 milhão para Tiago, filho de Aroldo, ajudar na liberação do processo licitatório de Angra 3, que estava sendo analisado pelo tribunal.
Procurado pela reportagem, Tiago afirmou por e-mail que foi “consultado” por Ricardo Pessoa, para trabalhar neste caso, mas que “sua contratação não foi efetivada”.
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