Após descansar durante o feriadão do carnaval, a presidente Dilma Rousseff agora se prepara para iniciar uma série de encontros com partidos da base aliada, em especial com as bancadas da Câmara. O objetivo é "aparar arestas" na relação do Planalto com o Congresso. O principal assunto a ser discutido é a redivisão de cargos do primeiro escalão na Esplanada.
Dilma retornou ontem a Brasília depois de passar o carnaval na Base Naval de Aratu, na região de Salvador (BA). Não teve agenda oficial nesta quarta-feira. Mas vai usar os próximos dias para agendar as reuniões com a base.
"A presidente vai receber os partidos da base a partir de março, para tratar das pendências", afirmou o líder do governo na Câmara Federal, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), depois da reunião do Conselho Político, na semana que passou. As reuniões com os aliados servirão para resolver "contenciosos", como o espaço do PDT e até do PR no primeiro escalão do governo.
O PDT já não esconde mais a insatisfação com a demora na escolha de um nome da sigla para ocupar do Ministério do Trabalho, onde o interino Paulo Roberto Pinto está desde o início de dezembro, quando Carlos Lupi deixou o cargo.
O incômodo do PDT tem aparecido nas sessões da Câmara. O partido tem ameaçado votar contra o projeto que cria o Regime de Previdência Complementar do Servidor Público da União (Funpresp). Aliado ao PSDB, DEM, PSol e ao PR, o PDT fez coro à proposta de adiamento da votação do Funpresp na primeira semana de fevereiro, o que irritou o Planalto.
Dentro do PDT, os nomes cotados continuam sendo do deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), que foi colega de Dilma quando ela era pedetista, e o secretário-geral da sigla, Manuel Dias.
Dilma tem de resolver também o futuro do PR, que já tem promessa de voltar à Esplanada. Na semana passada, os líderes do partido na Câmara, deputado Lincoln Portela (MG), e no Senado, Blairo Maggi (MT), estiveram com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Cauteloso, Lincoln evitou falar em cargos, preferindo dizer que se tratava de reaproximação, mas repetiu uma frase do colega Blairo Maggi: "Se você me convida para o baile, é porque quer dançar comigo".
O PR tem votado com o governo, mas se autodenomina como "independente". Para Lincoln, eventuais espaços dentro da administração ocorrerão como "consequência" dessa volta do partido à base aliada. "O governo vai querer que o PR dê a sua contribuição. Mas isso é consequência."
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