Ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sem seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff lançou nesta quinta o Plano Brasil Sem Miséria na sede do governo do Estado de São Paulo, há 16 anos comandando pelo PSDB. O programa, que pretende ser a marca do governo Dilma e uma das principais metas da presidente, unifica os cartões e a base de dados dos programas sociais do governo federal, o Bolsa Família, e dos programas dos governos estaduais do Sudeste - Renda Cidadã (São Paulo), Renda Melhor (Rio de Janeiro), Incluir (Espírito Santo) e Travessia (Minas Gerais).
Sem fazer nenhuma referência à crise política que seu governo enfrenta, com a queda de quatro ministros em sete meses de governo apenas e a ameaça dos partidos da base aliada de não votar nenhum projeto no Congresso enquanto as emendas parlamentares não forem liberadas, Dilma usou a seu favor o termo "faxina" - utilizado pela imprensa para se referir às denúncias de corrupção de membros de sua equipe.
"Quero reafirmar a importância concreta e simbólica do pacto que firmamos hoje, semelhante ao pacto do mês passado, com os governadores do Nordeste e que faremos em breve no Norte, Sul e Centro-Oeste", afirmou Dilma, durante seu discurso. "É o Brasil inteiro fazendo, de fato, como usa a imprensa, a verdadeira faxina que esse País tem de fazer: a faxina contra a miséria. O Brasil inteiro em um grande abraço republicano, certos e conscientes de que nossa maior riqueza não é o petróleo, o minério ou a agricultura, mas 190 milhões de brasileiros."
Dilma disse que a miséria no país é resultado de muitos anos da falta de compromisso com a população, mas fez questão de citar os ex-presidentes FHC e Lula como pessoas que tiveram a coragem e a generosidade de encarar o desafio. Sentada ao lado de FHC, ela fez questão de agradecer a presença do ex-presidente.
"Esse problema só não é maior porque tivemos, nos últimos anos, um presidente capaz de levar 40 milhões de brasileiros para classe média, ou seja, uma Argentina. Essa é sem dúvida a herança bendita que o governo do presidente Lula me legou, entre tantas outras, mas é ao mesmo tempo nosso maior desafio, que é avançar ainda mais", afirmou. "O grande pacto republicano e pluripartidário que estamos firmando hoje é um pacto capaz de transformar a realidade social que vivemos. Por isso, queria também agradecer a presença do senhor presidente Fernando Henrique Cardoso, por esse seu gesto", disse.
Dilma elogiou também o engajamento dos governadores do Sudeste. "Quando olho para essa sala e vejo os governadores de São Paulo, do Rio, de Minas Gerais e do Espírito Santo sinto um engajamento pleno e sincero dos senhores nesse projeto e tenho certeza de que o plano começa como um plano vencedor", continuou.
Em relação à crise financeira internacional, a presidente enfatizou que o caminho mais seguro para o País enfrentá-la é o combate à pobreza e o fortalecimento do mercado interno. "O mundo vive hoje um momento de inquietude e perplexidade, mas, no meio de tantas interrogações, o Brasil já demonstrou que o caminho seguro para sair ou se proteger da crise é combater a crise mais crônica da história humana, que é a pobreza, e criar um mercado interno sólido, com recursos para enfrentar as turbulências que podem nos atingir. Sabemos que a ascensão social de milhões brasileiros fortaleceu nossa economia."
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi o que mais elogiou a iniciativa da presidente, de quem disse ter feito um acerto histórico ao reconhecer a importância da estabilidade econômica conquistada durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique e da unificação dos programas sociais em torno do Bolsa Família, durante o governo do ex-presidente Lula.
Também participaram da cerimônia os governadores Sergio Cabral (Rio de Janeiro), Antonio Anastasia (Minas Gerais) e Renato Casagrande (Espírito Santo); os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Carlos Lupi (Trabalho), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) e Helena Chagas (Comunicação Social) e os senadores Marta Suplicy (PT-SP) e Eduardo Suplicy (PT-SP), o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, além de prefeitos, deputados e outras autoridades.
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Após críticas, Randolfe retira projeto para barrar avanço da direita no Senado em 2026
Novo decreto de armas de Lula terá poucas mudanças e frustra setor
Câmara vai votar “pacote” de projetos na área da segurança pública; saiba quais são
Deixe sua opinião