O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, desembarca nesta quinta-feira em Brasília com três missões: participar da posse da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT); agradecer toda a solidariedade prestada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o reconhecimento do Estado palestino; e lançar a pedra fundamental da nova embaixada dos territórios palestinos em Brasília, cujo terreno foi doado pelo governo brasileiro.
O embaixador do Estado da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que está tentando ainda uma audiência com o presidente Lula para que Abbas possa lhe agradecer, pessoalmente, "todo o seu empenho" na busca da paz na região e o "apoio" do Brasil à Palestina, ao reconhecer recentemente o Estado Palestino, dentro das fronteiras de 4 de junho de 1967, exemplo que acabou seguido por outros países vizinhos, como Argentina, Bolívia e Uruguai. Equador, Peru e Paraguai já sinalizaram que também reconhecerão a Palestina como Estado independente.
Depois da visita ao Brasil, Abbas deverá seguir para outros países da América Latina, mas ainda não decidiu o roteiro a ser cumprido, conforme informou o embaixador. Na posse da presidente Dilma, Abbas aproveitará para conversar com outros líderes latino-americanos com o objetivo de garantir o progressivo reconhecimento dos territórios palestinos, devido à estagnação das negociações com Israel.
A independência do Estado Palestino, cujo caráter é simbólico, foi declarada unilateralmente pela Organização para Libertação da Palestina em 1988. Além do Brasil, consideram a Palestina um Estado países emergentes como Rússia, China, África do Sul, Índia, países árabes e asiáticos. Mas nem a Organização das Nações Unidas (ONU) nem as principais potências ocidentais reconheceram o Estado Palestino. Estes sucessivos reconhecimentos têm incomodado as autoridades norte-americanas, que consideram que a única forma de se alcançar a paz no Oriente Médio é por meio das negociações diretas entre israelenses e palestinos.
As negociações de paz entre os dois lados foram reiniciadas em setembro e suspensas depois de algumas semanas, após Israel ter retomado a construção de assentamentos nas áreas palestinas.