Brasília (AG) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem, na abertura da 3.ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, empenho aos deputados para que o Fundo de Incentivo ao Ensino Básico (Fundeb) seja aprovado ainda este ano e passe a vigorar em 2006. "Se não aprovarmos este ano, ele só vai entrar em vigor em 2007 e todo mundo aqui sabe o que significa um ano de atraso na escola para a nossa garotada."
O presidente também criticou os professores que não se aprimoram, afirmando que alguns precisam de reforço escolar. Lula também condenou o ensino continuado, modelo adotado por alguns estados e municípios que evita reprovar os estudantes com baixo desempenho. No mesmo discurso, o presidente tropeçou nas palavras e disse que muita gente ficaria de "cabeça em pé" com o desempenho de alunos que estão na universidade graças ao Prouni (programa que concede incentivo fiscal às instituições que abrirem vagas para estudantes carentes). Na transcrição oficial do discurso, cabeça foi substituída por cabelo.
"Tem uma coisa em Educação que vocês sabem mais do que eu: se um professor entra numa sala de aula, dá uma aula e o aluno não aprende, o aluno precisa de reforço; se dá a segunda aula e o aluno continua não aprendendo, o aluno ainda precisava continuar no reforço; mas, se der a terceira e o aluno não aprendeu, quem precisa de um reforço é o professor", disse Lula.
Educação continuada
O presidente ainda aproveitou para criticar o sistema de educação continuada, sistema que já condenara no ano passado.
"No Brasil é sempre assim: os professores têm condições péssimas de trabalho e, ao invés de melhorar, diminui o tempo de aposentadoria; os alunos têm repetência e, ao invés de melhorar, faz-se o ensino continuado porque não precisa de prova, e a gente não sabe se a criança vai bem", disse Lula.
O ensino continuado é um sistema em que o nível fundamental (da 1.ª a 8. ª séries) é dividido em ciclos, que abrangem um determinado número de séries. Os estudantes não são reprovados ao final das séries, mas somente ao final dos ciclos.
Os críticos desses sistema afirmam que ele é adotado para mascarar os índices de repetência. Os defensores argumentam que, se o aluno não aprende, a falha é da escola e que o conteúdo que não é assimilado em um ano pode ser até o final do ciclo.