O presidente da Odebrecht S/A, Marcelo Odebrecht, e o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, foram transferidos para o Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), na manhã deste sábado (25). Detidos na 14º fase da Operação Lava Jato, eles estavam presos na carceragem da Polícia Federal (PF), na capital paranaense. Outros seis diretores ou funcionários das construtoras também foram levados ao presídio.
MPF denuncia presidentes da Odebrecht, da Andrade Gutierrez e mais 20 pessoas
Esta é a primeira acusação formal contra os executivos. Força-tarefa pede ainda ressarcimento de R$ 7 bilhões
Leia a matéria completaOs presos deixaram a carceragem da PF pouco depois das dez horas e caminharam até a van que os levaria à penitenciária. Todos estavam sem algema e carregavam malas e sacolas, com pertences pessoais. Odebrecht, por exemplo, levava duas malas grandes e foi motivo de piada por parte de alguns poucos curiosos que se mantinham diante da sede da PF. “E aí, Marcelão? Vai viajar?”, gritou um deles.
Os outros presos transferidos para o Complexo Médico-Penal são os ex-diretores da Odebrecht Alexandrino de Alencar, César Ramos Rocha, Márcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo; o ex-funcionário da Odebrecht João Antônio Bernardi Filho; e o executivo da Andrade Gutierrez Elton Negrão de Azevedo Júnior.
A transferência foi efetivada a pedido do delegado Igor Romário de Paula, que alegou dificuldade em manter os presos nas celas da PF. Em seu despacho, o juiz Sério Moro considerou que a carceragem da PF “não comporta, por seu espaço reduzido, a manutenção de número significativo de presos”.
Unidade prisional administrada pelo Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), o Complexo Médico-Penal é voltado a manter presos que precisem de acompanhamento médico. Neste presídio, os oitos transferidos vão ficar separados dos outros presos. Outros detidos na Lava Jato também estão nesta penitenciária, como o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e os deputados federais André Vargas, Luiz Argôlo e Pedro Corrêa.
Na sexta-feira (24), o Ministério Público Federal (MPF), ofereceu denúncia à Justiça contra 22 pessoas, entre eles, executivos da Andrade Gutierrez e da Odebrecht. Eles vão responder por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro. Também estão entre os denunciados, o doleiro Alberto Youssef, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque, os ex-gerentes da estatal Pedro Barusco e Celso Araripe, e os operadores Bernardo Freiburghaus, Fernando Soares, Lucélio Goes e Mario Goes.
Comida é principal mudança para os detentos
Estadão Conteúdo
A mudança altera algumas rotinas dos presos. A pior é em relação à comida, classificada como “intragável” por quem já teve contato com os detentos. A maioria dos réus transferidos emagreceu alguns quilos depois da troca.
As celas são para três pessoas: três camas de concreto, uma pia e uma latrina.
O banho é coletivo, e, até pouco tempo, era frio. Sérgio Mendes, da empreiteira Mendes Júnior, libertado em abril após cinco meses detido, mandou construir uma caldeira no local para garantir banho quente aos presos.
Outra diferença é em relação às visitas. Na sede da Polícia Federal, os presos só podem tocar nos visitantes nos encontros que acontecem na última quarta-feira do mês.
Os demais contatos semanais, também às quartas, são no parlatório, onde os presos são separados por um vidro, com duração de aproximadamente 20 minutos.
No Complexo Médico Penal, as visitas aos presos acontecem todas as sextas e têm duas horas e meia de duração. Além disso, todas são presenciais, sem separação.
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