De dentro de uma cadeia do Mato Grosso, um homem se fazia passar por prefeitos de grandes cidades para aplicar golpes. Teriam sido pelo menos oito. No último, antes de ser desmascarado, Emanuel Roni Santos da Costa, de 26 anos, fingiu ser o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). Ele usava um telefone celular para contatar as vítimas com a desculpa de fechar um negócio e ter o dinheiro aplicado em uma conta bancária.
Costa está preso há nove anos na Penitenciária Paschoal Ramos, em Cuiabá (MT). De dentro da cela e adotando um vocabulário mais sofisticado, o criminoso conseguia enganar suas vítimas. Ele foi descoberto após aplicar um golpe na cidade de São João da Boa Vista, a 229 km de São Paulo.
Ele ligou para a vice-prefeita da cidade do interior, se passando por Kassab, e alegou que precisava pagar uma indenização por conta do episódio em que o prefeito de São Paulo se desentendeu com um manifestante em um posto de saúde na capital paulista, em fevereiro de 2007.
Segundo o "falso Kassab", a indenização foi acertada no valor de um carro. Ele pediu para a vice-prefeita indicar um comerciante da cidade "de confiança e discreto" para fazer o negócio. O estelionatário entrou em contato com o dono da agência de automóveis, e orientou o empresário a levar o veículo para um avaliador, que acabou também sendo vítima da trapaça.
Depósito
Ao avaliador, Costa disse que era dono do carro - que valeria R$ 20 mil - e afirmou que, por conta da necessidade de obter dinheiro rapidamente para pagar a indenização, aceitaria uma proposta de R$ 13 mil pelo veículo. O avaliador achou o valor muito baixo e ofereceu R$ 15 mil pelo carro, depositando o valor em uma conta indicada pelo falsário.
Os dois comerciantes procuraram a Polícia quando perceberam que estavam sendo enganados. Depois de investigações a Polícia chegou ao titular da conta indicada. O operador da conta tentou retirar a quantia depositada, mas a conta já estava bloqueada. Ao fugir da agência bancária, ele deixou sua cédula de identidade falsa no banco.
No trabalho de investigação, a polícia constatou que as cidades de Paranaguá, Ponta Grossa, São Mateus do Sul, Franca, Monte Alto, Atibaia e Tupã também foram contactadas pelo golpista. A Polícia também descobriu que as ligações feitas para as prefeituras vinham de um telefone celular, que estava dentro de uma cela em Cuiabá na posse do presidiário.
Costa inicialmente negou a autoria do golpe, mas sua voz foi reconhecida pelas vítimas e por um exame feito pela perícia com gravações das ligações. O detento vinha tentando obter liberdade condicional, pedido que foi revogado após o novo indiciamento.
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