Passageiros do ônibus da linha 350 (Passeio-Irajá), incendiado na noite de terça-feira na Rua Irapuá, na Penha Circular, Zona Norte, reconheceram dois dos quatros corpos encontrados num carro na madrugada desta quinta como sendo de integrantes da quadrilha que fez o atentado. Junto com os corpos, localizados dentro de um Meriva prata abandonado na esquina das ruas Bento Cardoso e Jacaraú, perto do local do incêndio, foi encontrado um cartaz em que bandidos de uma facção rival avisavam ter executado os assassinos por serem contra terrorismo. Segundo a polícia, os homens foram mortos a tiros de escopeta e fuzil.
Também nesta quinta um suspeito de participação no incêndio foi preso. Policiais da 21ª DP (Bonsucesso) prenderam um homem identificado apenas como Andrezinho, na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré. Ele é acusado de envolvimento no tráfico de drogas no local. Segundo os policiais, o bandido não teria confessado a participãção no crime, mas ficará detido, já que sobre ele pesa a acusação de tráfico de drogas. A confirmação da participação de Andrezinho no incêndio do ônibus, que resultou na morte de cinco pessoas e de pelo menos 15 feridas - só será possível após a confecção dos retratos-falados. Com Andrezinho, os policiais apreenderam um revólver calibre 38, drogas e dois rádios transmissores.
A identificação de uma das vítimas foi feita também nesta quinta. É o comerciário Luiz Antonio Vieira, de 53 anos, gerente de um supermercado. A identificação foi feita pela arcada dentária, já que o corpo estava carbonizado. O enterro está marcado para a tarde desta quinta no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
O comandante do 16º BPM (Olaria), coronel Nepomuceno, classificou como ato de falso marketing de uma facção criminosa o cartaz exposto próximo aos quatro corpos encontrados na madrugada. O texto do cartaz informava que os executados eram os responsáveis pelo ataque ao ônibus. "Taí os quatro que queimaram o ônibus. Nosso (nome da facção) não aceita ato de terrorismo", escreveram os bandidos.
O secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, percorreu na manhã desta quinta, de helicóptero e a pé, as favelas dos morros do Quitungo e da Fé, em Brás de Pina. Seriam destes locais os traficantes que incendiaram na noite de terça-feira o ônibus da linha 350. No atentado, cinco pessoas morreram carbonizadas - entre elas uma criança de 1 ano e sua mãe - e outras 14 ficaram feridas.
Ao comentar a execução dos supostos responsáveis pelo incêndio, Itagiba afirmou que são mais quatro homicídios que serão apurados. O secretário acrescentou que as comunidades continuarão ocupadas até que todos os bandidos sejam presos. Itagiba também defendeu uma mudança na legislação do código penal permitindo pena perpétua para este tipo de crime. Segundo o secretário, o âtentado ao ônibus foi praticado por cinco bandidos do Morro da Fé, na Penha, mas ele não quis revelar as identidades para não atrapalhar as investigações.
O comandante-geral da PM, coronel Hudson de Aguiar Miranda, disse que o 16º BPM (Olaria) ficará responsável pela operação, que vai contar ainda com o reforço de diversos batalhões, totalizando mais de 200 PMs na região.
No ataque de terça-feira ao ônibus, bandidos jogaram gasolina nos passageiros e atearam fogo. Eles não deixaram, segundo testemunhas, que o motorista abrisse a porta traseira para que as pessoas saíssem. Algumas pessoas escaparam com o corpo em chamas e saíram correndo pela rua. Outras conseguiram fugir pelas janelas e ainda pela porta traseira do ônibus, que foi aberta à força, com as mãos, pela passageiro Igor dos Santos Pereira.
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