Os presos das penitenciárias paulistas continuam em greve. Eles se recusam a receber advogados e ir a fóruns participar de audiências. Os que podem, não estão saindo para trabalhar. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, os detentos se alimentam normalmente, saem para atendimento médico e odontológico e tomam banho de sol.
Centenas de audiências nos fóruns criminais do estado de São Paulo foram canceladas. De 1.041 requisições para o transporte de presos para as audiências, 476 não foram cumpridas esta semana. Segundo o Tribunal de Justiça, 97% dos presos se recusaram a comparecer para prestar depoimento. Não existe uma lei específica que puna os detentos. Cada juiz decide na hora se dará continuidade do processo sem a presença do réu. No Fórum da Barra Funda, apenas 24 audiências foram marcadas para esta sexta-feira.
Só nesta quinta-feira, numa espécie de movimento orquestrado pelo crime organizado, pelo menos 200 audiências deixaram de ser feitas por conta da recusa dos detentos de ir aos tribunais. À tarde, o presidiário Marcos Camacho, o Marcola, prestou depoimento de quatro horas à CPI do Tráfico de Armas.
Na capital, o Fórum Criminal da Barra Funda ficou vazio. Nas 31 varas criminais, pelo menos seis audiências foram prejudicadas. No Tribunal do Júri, oito réus não compareceram aos julgamentos.
A Secretaria de Administração Penitenciária informou em nota que 'os motivos da não apresentação serão cobrados pelos juízes competentes' e que o movimento é pacífico: 'A SAP não registrou ocorrências de indisciplina em nenhuma de suas 144 unidades, em virtude da paralisação'.
CPI das Armas
Marcos Camacho, o Marcola, foi ouvido por cerca de quatro horas pelos deputados da CPI do Tráfico de Armas. Algemado e sentado, Marcola evitou olhar para as câmeras de tevê e máquinas fotográficas dos jornalistas que registraram sua entrada na sala. Segundo os cinegrafistas, ele estava bastante contrariado.
Marcola é apontado pela polícia paulista como chefe do crime organizado em São Paulo e mandante dos ataques de terror ao estado ocorridos entre 12 e 20 de maio.
No dia 14 de maio, dois dias depois do início dos ataques a São Paulo, a advogada Iracema Vasciaveo foi levada em avião do governo paulista até Presidente Bernardes, numa reunião com representantes da polícia e da Secretaria de Administração Penitenciária.
O governo paulista acabou confirmando a reunião depois de um dia inteiro desmentindo que ela tivesse ocorrido, mas nega que tenha feito a Marcola alguma concessão para que ele mandasse suspender os ataques.
Iracema Vasciaveo não é advogada oficial de Marcola. Ela integra uma ONG que, em teoria, defende o direito dos presos e de seus familiares. Ao comentar sobre o uso do avião oficial, Iracema disse que foi 'um gesto de boa vontade' do governo paulista.
Os deputados foram a Presidente Bernardes sob forte esquema de segurança. Cerca de 100 policiais federais e militares, armados com metralhadoras e fuzis, fizeram a segurança do Aeroporto de Presidente Prudente, a 565 km da capital paulista, onde eles desembarcaram. Uma viatura da Polícia Federal chegou a ficar parada na posta do aeroporto. Marcola está detido em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que mantém o preso em cela individual e sem contato com o mundo externo.
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