Na trilha de entidades ligadas a juízes e procuradores, a associação de delegados da Polícia Federal também manifestou apoio aos investigadores e magistrados envolvidos na Operação Lava Jato e afirmou que qualquer tipo de pressão ou recado terá efeito inócuo no trabalho das instituições.
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A ADPF (Associção Nacional de Delegados da Polícia Federal) refere-se ao manifesto assinado por advogados e publicado na sexta-feira (15) em jornais com críticas à operação, que investiga desvio de recursos da Petrobras para corrupção e financiamento de campanhas eleitorais.
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No texto, assinado por 105 advogados, muitos deles com clientes investigados na Lava Jato, a operação é definida como uma “neoinquisição” que entraria para a história como o primeiro caso penal do país “em que as violações às regras mínimas para um justo processo estejam ocorrendo em relação a um número tão grande de réus e de forma tão sistemática”.
Presidente da ADPF, o delegado Carlos Eduardo Sobral disse que não terá efeito qualquer tentativa de passar recados ou influenciar os envolvidos na investigação e no julgamento da Lava Jato.
“O que enxergo é que há uma mudança. A investigação [Lava Jato] é muito profunda e longa, então há essa reação dos advogados”, afirmou Sobral. “Mas qualquer tipo de recado ou pressão às autoridades são totalmente inócuos, porque nenhum delegado, nenhum procurador, nenhum juiz, nenhum desembargador, nenhum ministro vai se pautar por pressões, inclusive da opinião pública.”
À reportagem, procuradores que integram a força-tarefa em Curitiba disseram que o manifesto viola “o princípio mais básico que eles defendem como advogados de defesa, que é que não se façam acusações genéricas”, nas palavras de Deltan Dallagnol, coordenador da equipe.
Em nota, a Ajufe, que representa os juízes federais, afirmou que a carta, ao não apontar quais seriam os tais excessos, “é mero falatório, fumaça, que não gera benefício nem para o cliente pretensamente protegido”.
Um dos signatários da carta de repúdio é o advogado Nabor Bulhões, que defende Marcelo Obdebrecht, um dos principais executivos presos na operação.
Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada nesta terça (19), Bulhões defendeu o conteúdo do manifesto, dizendo que o texto não é contrário às instituições brasileiras, mas contra abusos ocorridos no âmbito da operação.
O advogado, na entrevista, criticou o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato, ao afirmar que ele não tem imparcialidade para julgar os acusados na operação. “Ele se deixou levar por um lado”, disse.
A reportagem tentou ouvir Moro, que voltou de férias nesta semana, mas não obteve resposta.
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