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A redução no número de ministérios desejada por Michel Temer (PMDB) para seu eventual governo, caso o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) seja aprovado no Senado, está ameaçado. O atual vice-presidente já está sendo pressionado por dirigentes de partidos que pedem cargos no governo, de preferência no primeiro escalão, em troca de apoio no Congresso. Temer já teria admitido para aliados que deve adiar esse anúncio de cortes e união de pastas.

De acordo com a Folha de S.Paulo, inicialmente, Temer reduziria logo nos primeiros dias de 32 para 26 o número de pastas. Agora, o peemedebista já trabalha com um prazo máximo de 180 para essas mudanças. Curiosamente, esse é o mesmo prazo para afastamento de Dilma, caso o Senado aceite a abertura do processo de impeachment e dê início às investigações.

Temer nem assumiu, mas PSDB e PSD já “brigam” por ministério

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O recuo de Temer é efeito das pressões de partidos como o PR,PP, PSD e outros que atualmente estão na oposição. Essa negociação por cargos, no entanto, já gera críticas de outros partidos, como o PSDB, DEM e PSB, que estariam insatisfeitos com os nomes sondados pelo vice.

O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, criticou o fisiologismo que tem marcado as negociações de Temer com os partidos da base aliada. “Temos receio que esse governo se pareça muito com aquele que está terminando os seus dias”, disse Aécio antes do encontro com Temer. Após almoçar no Jaburu com o vice-presidente, o tucano reforçou que a legenda não indicará formalmente nenhum quadro para o ministério, embora não vete a participação de quem for convidado. Segundo o tucano, não pode haver uma “baldeação” de pessoas que estão no governo Dilma para o governo Temer.

“Eu disse ao Michel Temer que no caso do seu governo a primeira impressão é a única que existe. É preciso que logo na largada, não apenas na constituição do governo, mas também nas propostas, que gerem esperança, otimismo. O que tem faltado ao país para superar a crise”, disse Aécio.

Negociação

O PSB, por exemplo, afirmou na terça-feira (3) que, se confirmada a participação do partido no governo peemedebista, ele deve indicar o ministro da Integração Nacional. O líder socialista na Câmara, deputado Fernando Bezerra Filho (PE), é o mais cotado para o cargo. Ele é filho do senador Fernando Bezerra (PSB-PE), que ocupou a pasta no primeiro mandato de Dilma Rousseff. A principal resistência à participação vem dos três governadores do partido: Ricardo Coutinho (PB), Rodrigo Rollemberg (DF) e Paulo Câmara (PE).

A deputada Tereza Cristina (PSB-MS), no entanto, chegou a questionar a indicação. Ela queria que o partido assumisse o Ministério da Agricultura, para o qual gostaria de ser indicada. O comando da pasta, contudo, deve ficar com o PP, que também deverá avalizar a indicação para o Ministério da Saúde.

Temer deseja nomear o médico Raul Cutait, do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, como ministro da Saúde de seu eventual governo e que o PP assuma a indicação como sua. A escolha chegou a ser confirmada nesta terça-feira pela manhã pelo ex-ministro Eliseu Padilha, mas, à noite, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), deixou o gabinete de Temer às pressas negando que Cutait seja o nome escolhido para a pasta - embora tenha confirmado que o partido terá o comando dos ministérios da Saúde e da Agricultura, além da presidência da Caixa Econômica Federal.

O PV, cuja bancada na Câmara fechou questão a favor do impeachment de Dilma, deverá indicar o deputado Sarney Filho para o Ministério do Meio Ambiente.

Reestruturando pastas

Por enquanto, Temer decidiu reestruturar todo o setor de inteligência e vai recriar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), extinto pela presidente Dilma. O futuro titular da pasta será o general-de-Exército Sérgio Etchegoyen, atual chefe do Estado Maior do Exército, a quem ficará vinculada a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Assim como o virtual futuro ministro da Defesa, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), Etchegoyen foi indicado pelo ex-ministro Nelson Jobim e pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, que vem mantendo contato sistemático com os comandantes da Aeronáutica e da Marinha e se tornou o principal interlocutor das Forças Armadas com Temer e sua equipe.

Jobim e Jungmann têm boas e antigas relações tanto com Villas Boas quanto com Etchegoyen, que trabalhou no gabinete da Defesa na gestão de Jobim, no governo Lula, como assessor especial do ministro e chefe do Núcleo de Implantação da Estratégia Nacional de Defesa. Além disso, Villas Boas e Etchegoyen são amigos de infância. Ambos são filhos de militares e gaúchos de Cruz Alta.

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