A insatisfação de prefeitos de todo o país com a possibilidade de o governo federal aceitar um valor maior que os R$ 545 para o salário mínimo foi um elemento fundamental para que a presidente Dilma Rousseff tenha abortado o "plano B". Os prefeitos estão em campanha para evitar que a concessão de um reajuste maior prejudique ainda mais o caixa dos municípios. E eles começaram a pressionar os deputados de suas regiões para não aumentar o valor.
Números da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estimam em R$ 38 milhões o impacto nas contas das prefeituras de cada R$ 1,00 de aumento dado ao mínimo. Além do salário dos trabalhadores em si, o cálculo já leva em conta os encargos trabalhistas.
A elevação do mínimo para R$ 545 já teria um impacto estimado em R$ 1,3 bilhão nas contas das prefeituras em 2011. Se a o valor do mínimo for de R$ 560, como propõe o PDT e como chegou a ser analisado pelo governo, os municípios teriam um gasto de quase R$ 1,9 bilhão. Caso o mínimo suba para R$ 600, como defende o PSDB, as prefeituras teriam uma despesa extra de R$ 3,4 bilhões.
Líder do PR na Câmara, o mineiro Lincoln Portella conta ter recebido desde a semana passada ligações de mais de 40 prefeitos para falar sobre o tema. "Não podemos ser irresponsáveis e querer jogar o salário mínimo para um patamar que as prefeituras não dão conta. Tenho recebido ligações de prefeitos pedindo pelo amor de Deus que não deixemos o mínimo ir além dos R$ 545,00", afirma ele.