Antonio Palocci, ao fundo, na solenidade de posse como novo ministro da Casa Civil: pedido de ajuda ao vice-presidente, Michel Temer, para conter o PMDB| Foto: Antônio Cruz/ABr

Brasília - A primeira missão dada pela presidente Dilma Rousseff ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, foi a de buscar a pacificação do PMDB. O partido vive um momento de forte estresse no relacionamento com o PT, que se apossou de cargos importantes antes dominados pelos peemedebistas, como a presidência dos Correios e a Secretaria de Atenção à Saúde, e agora pretende avançar sobre cargos do segundo escalão como a Fundação Nacional da Saúde (Funasa).

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Os postos em disputa pelo PMDB e PT dominam orçamentos gigantescos. A Atenção à Saúde, perto de R$ 45 bilhões; os Correios, R$ 12 bilhões; a Funasa, R$ 5 bilhões. Esses órgãos têm presença em todas as regiões do país, o que dá uma grande visibilidade ao partido que as controla. Dilma teme que o PMDB inicie algum movimento de retaliação aos petistas em votações importantes, como a da medida provisória que fixou o salário mínimo em R$ 540.

A situação é tão grave que o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e o atual ministro da Saúde e ex-ministro das Relações Insti­tucionais no governo Lula, Alexandre Padilha, tiveram um forte desentendimento, com acusações e xingamentos de parte a parte. Dilma convocou para a tarde desta segunda-feira uma reunião do Conselho Político, que é integrado pelos líderes e presidentes dos partidos da coligação do governo. Quer dar início às conversações de paz no encontro.

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O vice-presidente Michel Temer vai participar da reunião do Conselho Político. Palocci, que ontem assumiu o cargo em uma solenidade em Brasília, disse à reportagem que espera contar com a ajuda dele. "Temer continuará a ser um importante interlocutor no PMDB", afirmou. O vice continuará a ter controle sobre o partido, visto que não se afastará da presidência do PMDB. Vai apenas se licenciar. Enquanto isso, o partido será presidido interinamente pelo senador Valdir Raupp (RO) – leia mais no quadro ao lado.

Palocci afirmou ainda que vai conversar muito com os líderes peemedebistas na Câmara, Henrique Alves, e no Senado, Renan Calheiros (AL), na busca da retomada do diálogo. O ministro da Casa Civil informou ainda que já iniciou as conversações para o segundo escalão do governo, e que o PMDB terá seu espaço.

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Num encontro com o ex-governador e ex-ministro Iris Rezende, candidato derrotado ao governo de Goiás na última eleição, Palocci ofereceu a ele um posto no segundo escalão. Iris disse que não quer nada, até porque sua idade não o anima mais a assumir um cargo destes. Mas pediu pelo deputado Marcelo Mello, que foi candidato a vice em sua chapa.

Palocci prometeu a Iris que encontraria um "bom" cargo para Mello. E já o localizou. Fez chegar ao PMDB de Goiás a informação de que o vice na chapa de Iris será contemplado com uma diretoria da Embratur, empresa que vai ganhar muita importância por causa da possibilidade de aumento do turismo no país com a realização da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro.

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A Embratur também tem gerado desgastes no PMDB. O ex-ministro Geddel Vieira Lima esperava ser convidado para a presidência da empresa. Mas o ministro do Turismo, Pedro Novais, que é do PMDB controlado pelo presidente do Senado, José Sarney (AP), preferiu manter Mário Moysés no cargo. Ele é ligado à ex-prefeita e senadora eleita Marta Suplicy (PT-SP), que foi ministra do Turismo antes de concorrer à prefeitura de São Paulo, em 2008.