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Costa fechou acordo de delação premiada em agosto de 2014. | Evaristo Sá/AFP
Costa fechou acordo de delação premiada em agosto de 2014.| Foto: Evaristo Sá/AFP

Primeiro delator da Operação Lava Jato a revelar o esquema de corrupção envolvendo partidos políticos na Petrobras, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi à sede da Justiça Federal do Paraná na tarde desta quinta-feira (3) para retirar a tornozeleira eletrônica. Ele passará a cumprir apenas quatro horas de serviços comunitários e, por determinação do juiz Sergio Moro, deve ainda apresentar relatório trimestral de atividades. Atualmente, ele mora no Rio.

Costa assinou acordo de delação premiada em agosto de 2014. Ele confessou ter sido indicado para o cargo pelo PP, em troca de arrecadar propina para o partido. A Diretoria de Abastecimento, comandada por Costa, era a responsável por grandes volumes de investimentos da petrolífera, como o da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

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Costa foi preso temporariamente (por cinco dias) em março de 2014, três dias depois de deflagrada a Operação Lava Jato. Ele já havia prestado depoimento sobre seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, mas a Polícia Federal (PF) informou à Justiça que ele havia tentado destruir provas e obstruir as investigações, pois suas filhas e genros haviam sido flagrados retirando documentos do escritório da Costa Global, empresa de consultoria que ele usava para firmar falsos contratos e continuar recebendo propina mesmo depois de ter deixado o cargo.

Costa passou dois meses preso e foi libertado no dia 19 de maio. Menos de um mês depois, em 11 de junho de 2014, ele teve a prisão preventiva decretada depois que foram localizadas contas em nome dele e de parentes, na Suíça e no Canadá, com US$ 23 milhões.

No total, Paulo Roberto Costa passou cerca de cinco meses preso. O acordo de delação premiada homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 30 de setembro de 2014 e ele foi libertado no dia seguinte, quando passou a cumprir prisão domiciliar por um ano, com tornozeleira eletrônica.

Em outubro do ano passado, Costa progrediu para o regime semiaberto, ainda com uso de tornozeleira e obrigatoriedade de permanecer em casa à noite e nos fins de semana. Desde então, já podia trabalhar e viajar, desde que autorizado pela Justiça.

O acordo previa que ele poderia permanecer até dois anos nesta condição. Porém, ficou apenas um, já que foi considerada a efetividade do acordo. Ou seja, as informações prestadas por Costa foram essenciais para o desenrolar da Lava Jato.

Pena de 128 anos

Costa envolveu toda a sua família no esquema de corrupção da Petrobras. Junto com filhas e genros, ele criou 18 empresas para fazer negócios e dissimular os ganhos ilícitos. A família abriu ainda várias contas no exterior e 12 offshores. Apenas de duas contas, na Suíça e no Canadá, foram restituídos US$ 23 milhões.

O ex-diretor da estatal se comprometeu a pagar R$ 5 milhões em indenização cível por crimes contra a administração pública e entregou alguns bens à União, entre eles uma lancha avaliada em R$ 1,1 milhão, um terreno no município de Mangaratiba, no Rio de Janeiro (R$ 3,2 milhões) e valores em dinheiro apreendidos em sua residência (R$ 762 mil, US$ 181 mil e 10,9 mil euros).

Julgado pelo juiz Sergio Moro em sete ações penais, Costa foi condenado a um total de 128 anos, seis meses e dez dias. O total máximo de condenação a ser considerado, pelo acordo de delação, foi de apenas 20 anos.

Alberto Youssef

Costa foi flagrado na Lava Jato porque recebeu do doleiro Alberto Youssef, como parte de pagamento de propina, uma Range Rover Evoque, no valor de R$ 300 mil. O doleiro Alberto Youssef obteve deve deixar a prisão no próximo dia 17. Ele cumprirá prisão domiciliar e poderá sair do apartamento onde vai morar, em São Paulo, apenas para ir na academia do prédio. O doleiro estava preso desde 17 de março de 2014, quando foi deflagrada a primeira fase da Lava Jato.

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