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A prisão do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), coloca a presidente Dilma Rousseff na rota da Operação Lava Jato. O senador foi preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira pela manhã (25) sob a acusação de tentar “comprar” o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que ele não firmasse um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato – que já foi firmado com a Procuradoria Geral da República. Em conversa gravada pelo filho do ex-diretor da estatal, Bernardo, Delcídio cita ter tido acesso à minuta do acordo de delação em que Cerveró teria afirmado que Dilma Rousseff “sabia de tudo de Pasadena” e que ela o “cobrava diretamente” sobre o assunto.

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A compra da refinaria de Pasadena (nos EUA) pela Petrobras, em 2006, teve superfaturamento de US$ 792 milhões, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). Dilma, à época, era ministra das Minas e Energia de Lula e presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Mas ela sempre alegou ter aprovado a aquisição da refinaria por ter sido mal orientada por um relatório “falho” elaborado por Cerveró.

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Petistas ligados a Lula e a Dilma avaliaram que a tentativa de Delcídio de interferir na Lava Jato terá repercussões graves para o PT e o governo. Por isso, numa tentativa de reduzir os danos, buscaram “abandonar” o senador à própria sorte, ao menos publicamente. O Planalto anunciou que vai trocar de líder no Senado – o novo nome será anunciado na semana que vem. E o presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou nota para dizer que o partido “não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade” a Delcídio.

Pagamento e fuga

De acordo com as investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR), Delcídio ofertou a Cerveró, para que ele não firmasse a delação, um pagamento de R$ 4 milhões, por meio do banco BTG Pactual, mais uma mesada mensal de R$ 50 mil à família do ex-diretor da Petrobras.

A Procuradoria apontou ainda que Delcídio teria dito que tinha condições de influir sobre ministros do STF para garantir um habeas corpus a Cerveró, que está preso no Paraná. O senador ainda chegou a tratar de uma eventual rota de fuga do ex-diretor caso a Justiça concedesse um habeas corpus a ele. Delcídio teria indicado que a saída ideal de Cerveró seria pelo Paraguai, recomendando que ele fosse para a Espanha. A PGR também afirma que Delcídio foi flagrado tentando destruir provas contra ele.

O pedido de prisão do senador teve como base uma conversa gravada pelo filho de Cerveró, Bernardo, com Delcídio, seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, e o advogado do ex-diretor da Petrobras, Edson Ribeiro.

O senador petista chegou a ser citado por suposto envolvimento na Lava Jato, mas nem mesmo foi denunciado no ano passado pela PGR ao Supremo. A procuradoria não viu indícios suficientes para incluí-lo.

Lula, Dilma e Temer

A prisão de Delcídio, que coloca Dilma no olho do furacão da Lava Jato, ocorreu apenas um dia depois da detenção do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal de Lula.

Na gravação que embasou a prisão do senador, Delcídio também cita o vice-presidente Michel Temer. Segundo o petista, “Michel está muito preocupado com o Zelada” – numa referência a Jorge Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras que é acusado de receber US$ 31 milhões de propina do esquema da Lava Jato. Zelada teria chegado ao cargo com apoio do PMDB, partido de Temer.

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