Curitiba – O vice-presidente da República e fundador da indústria têxtil Coteminas, José Alencar, afirmou ontem que o pagamento não-contabilizado de R$ 1 milhão do PT para a empresa deve ser explicado pelo Partido dos Trabalhadores.

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"Se há problema, há problema para o PT, não para a Coteminas", afirmou Alencar, que esteve em Curitiba para proferir uma palestra a empresários na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

A Coteminas, que atualmente é presidida pelo filho de Alencar, Josué Gomes da Silva, teria fechado um contrato para a confecção de 2,750 milhões de camisetas para o PT. Pelo contrato inicial, o partido iniciaria o pagamento do serviço, de mais de R$ 12 milhões, em novembro do ano passado. No entanto, apenas R$ 1 milhão foi pago, em maio desse ano. De acordo com Alencar, o atraso no pagamento deve-se a uma renegociação feita entre a direção petista, que à época tinha José Genoíno como presidente e Delúbio Soares como tesoureiro.

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Apesar de, oficialmente, não estar mais na direção da empresa, Alencar fez uma defesa veemente da indústria e afirmou que Coteminas "não negocia por fora".

"Qualquer alfinete que entra a gente registra. Se fosse o contrário, talvez isso tudo não estaria acontecendo, porque o Caof (Conselho de Atividadeas Financeiras) não teria registrado a operação." O fundador da Coteminas rechaçou a tese de que a empresa deveria ter buscado a origem do dinheiro pago pelo PT. "Meu cliente pagou à vista. Não posso exigir que ele me fale de onde veio o dinheiro."

O vice-presidente afirmou ainda ter recebido um telefonema do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, ao chegar em Curitiba na tarde de ontem.

Segundo Alencar, o petista teria confirmado a omissão do partido ao não declarar a pagamento nos registros contábeis petistas. "O Berzoini lamentou o ocorrido e disse que realmente o PT não tinha nada em seu balanço. Isso foi uma prática da direção anterior do partido", afirmou o vice-presidente, que elogiou a atual direção da legenda. "O Berzoini é uma pessoa de caráter e vai resolver toda essa situação."

Alencar, que também ocupa o cargo de ministro da Defesa, mostrou-se magoado com a forma pela qual a notícia foi tratada. "As manchetes dão a impressão que eu recebia um mensalão. Não é isso. A Coteminas está pleiteando o recebimento do resto de sua dívida", disse Alencar que não confirmou se a dívida será cobrada judicialmente.

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O fundador da Coteminas negou que seja candidato à presidência da República pelo PRB (Partido Republicano Brasileiro) em 2006 e afirmou que apoiaria uma eventual candidatura de Lula à reeleição.