O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, afirmou, nesta quarta-feira (23), que um novo inquérito pode ser aberto com base no material que recebeu, apreendido pela Polícia Federal (PF) durante buscas e apreensões feitas na Operação Navalha.
Antonio Fernando não quis referir-se à existência de uma suposta lista com nomes de parlamentares ou outras autoridades que teriam recebido dinheiro ou presentes da construtora Gautama, apontada como a central do esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos, desmontado pela Operação Navalha. O ministro da Justiça, Tarso Genro, também negou a existência de uma lista.
"A lista não existe, são documentos referindo-se a pessoas anotações, anotações de nomes de pessoas, sem relação com qualquer outro ato ilícito".
Ele disse, no entanto, que alguns documentos apreendidos durante a operação reforçam o que foi apurado no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e que outros podem "no contexto geral" indicar a presença de outros delitos. "O inquérito está sendo desenvolvido com objetivo pré-determinado. Eventuais fatos novos serão objeto de um novo inquérito", declarou.
Antonio Fernando foi cauteloso. Não quis dizer se novos nomes podem surgir com o desdobramento das investigações. "É muito perigoso fazer referências a documentos isolados e deles tirar uma conclusão definitiva. Não podemos pegar uma folha isolada e dela tirar uma conclusão. Temos que examinar o conjunto".
O procurador disse ainda que vai oferecer "em breve" denúncia ao STJ, onde tramita o inquérito sobre o esquema de fraudes em licitações. Na avaliação dele, o pedido de demissão do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, não afeta as investigações.
"O foro [de Rondeau] não é mais o Supremo e as investigações vão continuar. No final dessas diligências, vamos nos posicionar sobre o que pode ser objeto de denúncia no STJ e o que pode ser alvo de apuração ou denúncia na Justiça de primeiro grau. Meu estilo é breve, mas o breve pressupõe a conclusão desses levantamentos, que muitas vezes não dependem só do Ministério Público.