Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que atuam à frente da força-tarefa da Operação Lava Jato criticaram fortemente as alterações do projeto de combate à corrupção aprovadas na Câmara nesta quarta-feira (30) e ameaçaram renunciar à força-tarefa. A alteração que mais recebeu críticas foi a emenda que possibilita que juízes e integrantes do Ministério Público respondam por crime de responsabilidade.
“Vamos renunciar coletivamente à Lava Jato caso essa proposta seja sancionada pelo presidente”, anunciou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
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Leia a matéria completa“Nós temos as nossas responsabilidades em outras unidades da federação, em outras procuradorias. Nós vamos simplesmente retornar às nossas atividades habituais, porque muito mais valerá a pena fazer um parecer previdenciário do que se arriscar investigando poderosos”, completou.
O procurador Deltan Dallagnol afirmou que a Lava Jato pode estar com os dias contados. “Se for aprovada, a proposta será o começo do fim da Lava Jato. A força-tarefa da Lava Jato reafirma seu compromisso de trabalhar enquanto for possível”, disse
“Não será possível continuar trabalhando na Lava Jato se a lei da intimidação for aprovada”, completou Dallagnol.
Durante pouco mais de 30 minutos, procuradores disseram que a população brasileira foi enganada pelos deputados e que houve uma desfiguração do projeto original das “Dez Medidas Contra a Corrupção”.
“Rasgou-se o texto das Dez Medidas”, criticou Dallagnol. “Novamente, em uma noite, mudam toda a legislação e criam a intimidação ao Ministério Público. Quem foi ludibriada foi a população. Quisemos a discussão. Em uma noite, tudo se pôs a perder”, continuou.
Segundo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, houve uma retaliação ao trabalho da força-tarefa da Lava Jato. “Aproveitaram um projeto de combate à corrupção para se protegerem. O motivo é porque estamos investigando, estamos descobrindo fatos, iríamos chegar muito mais longe. O instinto é de preservação”, disse.
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Leia a matéria completaEm um nota subscrita pela força tarefa e lida por à imprensa por Deltan Dallagnol, os procuradores integrantes da força tarefa afirmam que os deputados aproveitaram o momento de luto nacional pela tragédia que ocorreu com o avião da equipe Chapecoense para aprovar um projeto desfigurado.
“Aproveitando-se de um momento de luto e consternação nacional, na calada da madrugada, as propostas foram subvertidas. As medidas contra a corrupção, endossadas por mais de dois milhões de cidadãos, foram pervertidas para contrariar o desejo da iniciativa popular e favorecer a corrupção por meio da intimidação do Ministério Público e do Judiciário”, diz o texto.
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