A promiscuidade entre políticos e grupos criminosos, a utilização de laranjas pelo crime organizado e a facilidade de importação pelos contraventores de equipamentos como caça-níqueis, amparada por liminares, foram indicadas por procuradores ouvidos nesta quinta-feira na CPI dos Bingos como os maiores obstáculos no combate a esse tipo de crime.
Os depoimentos dos procuradores, segundo o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), vão ajudar os parlamentares a traçar uma rota de trabalho, já que durante anos eles investigaram vários tipos de contravenção relacionados aos jogos e à lavagem de dinheiro.
Todos se manifestaram contrários aos jogos de azar. O procurador regional da República José Pedro Taques afirmou que combater o jogo sem levar em conta a prática de lavagem de dinheiro de nada adianta porque, segundo observou, as duas atividades caminham juntas. Ele defendeu uma legislação mais rígida para que o Ministério Público e a Polícia Federal possam cumprir o seu papel constitucional de combate ao crime.
O procurador da República Celso Três, do Rio Grande do Sul, concorda com Taques, mas entende que o país necessita definir se quer ou não ver o jogo em funcionamento. Caso o país opte por rechaçar a jogatina, que classificou como uma contaminação, Celso Três defende a aprovação de novos instrumentos legais que possibilitem colocar os criminosos na cadeia. Ele lembrou que a atual lei de contravenção "é pífia e não coloca ninguém atrás das grades".
Já o procurador regional da República Ronaldo Meira de Vasconcelos contou sua experiência no combate ao jogo quando trabalhou no estado do Espírito Santo. Ele disse que ficou estarrecido ao constatar que o porto de Vitória era a principal porta de entrada de equipamentos de jogos no país - como máquinas caça-níqueis - e que, de 1998 a 2001, entraram no país mais de seis mil equipamentos, com um agravante: a importação foi garantida por força de uma liminar da Justiça. Vasconcelos sugeriu à CPI que peça à direção dos portos brasileiros a lista completa das empresas que importaram equipamentos de jogos a partir de 1998.
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