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A força-tarefa da Operação Lava Jato investiga na Suíça se delatores do esquema de corrupção na Petrobras omitiram dos acordos firmados com o Ministério Público Federal e homologados pela Justiça recursos depositados em contas no país europeu.

Um dos focos dos procuradores que desembarcaram no início da semana no território suíço é constatar se os réus informaram todo o dinheiro arrecadado ilicitamente a partir do esquema de corrupção na Petrobras e enviado ao exterior. Caso seja identificado que mentiram na delação, os benefícios colaboração premiada, como redução de pena, podem ser anulados.

Investigadores da Lava Jato disseram ao jornal O Estado de S. Paulo, sob anonimato, que estão passando um pente-fino nas contas dos delatores. A Lava Jato suspeita que eles mantêm contas na Suíça além das informadas em seus depoimentos.

Até o momento, 11 denunciados nos processos que correm na primeira instância da Justiça Federal no Paraná já fizeram acordo de delação premiada em troca de atenuantes nas penas.

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa é um dos que têm suas contas rastreadas. O executivo informou a existência de cinco contas controladas por ele com saldo de US$ 26 milhões na Suíça. Se for descoberto que ele tem mais dinheiro do que o comunicado à Justiça, o ex-diretor pode perder o direito a cumprir a pena em casa.

As informações que Costa deu à Justiça foram fundamentais para comprovar o esquema de corrupção na diretoria da Abastecimento da Petrobras e revelar a atuação em outras áreas. Ele revelou que partidos políticos como PT, PMDB e PP recebiam parte dos recursos públicos desviados de contratos com a Petrobras.

Em troca, a Justiça aceitou reduzir sua pena que ultrapassaria os 40 anos em regime fechado por prisão domiciliar por um ano, com uso de tornozeleira eletrônica. Se condenado, Costa vai cumprir até dois anos no regime semiaberto - no qual o preso pode deixar a prisão para trabalhar durante o dia e fica obrigado a retornar à noite para o presídio. O restante da pena definida será em regime aberto - que no caso de ausência de prisão albergue, em casa de albergado, é cumprida em domicílio.

Além do dinheiro na Suíça, ele renunciou a US$ 2,8 milhões em nome de genros nas ilhas Cayman e se comprometeu a pagar R$ 5 milhões como indenização pelos crimes cometidos.

Entre os 11 réus que aceitaram contar à Justiça o que sabem em troca de redução das penas, estão também o doleiro Alberto Youssef, braço financeiro do esquema desbaratado pela Lava Jato, os empresários Julio Camargo e Augusto Mendonça, da Toyo Setal, e Pedro Barusco, ex-gerente da Diretoria de Serviços da Petrobras.

Os empresários confessaram que depositaram dinheiro da corrupção em contas na Suíça. Esses depósitos estão sendo rastreados pelos procuradores federais.

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como operador do PMDB no esquema, também têm contas no exterior como mostraram as investigações. Ambos, porém, por enquanto não aceitaram fazer acordo de delação premiada.

Conforme relatos colhidos pelo Estado, os documentos do Ministério Público da Suíça vão levar a Lava Jato a abrir uma nova etapa inédita na investigação. Mais nomes e mais contas do esquema foram descobertas pelos suíços.

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