Em um dia em que a pressão pela saída do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, ficou ainda mais forte, ele ganhou uma esperança para permanecer no cargo. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu arquivar a denúncia contra o ministro por suposto enriquecimento ilícito e tráfico de influência no governo federal por meio de sua empresa de consultoria particular, a Projeto. Com isso, a Procuradoria Geral da República (PGR) não irá abrir inquérito para investigá-lo.
Gurgel, que estava analisando o caso desde o último dia 20, a pedido de partidos de oposição, entendeu não haver indícios de crime na atuação de Palocci como consultor. No seu parecer, ele afirma não haver "nenhum fato que revelasse, ainda que superficialmente, a verossimilhança dos fatos relatos [pela representação da oposição]". A decisão baseou-se em documentação enviada pelo próprio Palocci.
Com a decisão, o ministro pode ganhar uma sobrevida e se manter no cargo. No domingo, a presidente havia acertado com o próprio Palocci que aguardaria a manifestação da PGR para decidir se o manteria ou não na Esplanada.
A decisão da Procuradoria de não investigar o ministro coloca Dilma diante de um dilema. Embora ganhe força o argumento de que Palocci é inocente do ponto de vista jurídico, politicamente a situação continua delicada, com aliados pedindo sua demissão.
Em nota divulgada pela Casa Civil ontem à noite, Palocci disse esperar que a decisão da PGR recoloque "o embate político nos termos da razão". "Prestei todos os esclarecimentos de forma pública. Entreguei à Procuradoria Geral da República, órgão legalmente competente para avaliar a apuração dos fatos, todos os documentos relativos à empresa Projeto. Espero que esta decisão recoloque o embate político nos termos da razão, do equilíbrio e da Justiça", disse ele.
Apesar do arquivamento da denúncia-crime na PGR, Palocci ainda é alvo de uma investigação cível, por improbidade (enriquecimento ilícito), no Ministério Público Federal de Brasília.
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