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Ustra: coronel reformado nega as acusações | Ana Carolina Fernandes/Folhapress
Ustra: coronel reformado nega as acusações| Foto: Ana Carolina Fernandes/Folhapress

O Ministério Público Federal denunciou ontem o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-Codi de 1970 a 1974, e o delegado aposentado Alcides Singillo pelo crime de ocultação do cadáver do estudante de medicina Hirohaki Torigoe, morto em janeiro de 1972, em São Paulo.

Natural de Lins (SP), Hiroaki Terigoe foi militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Libertação Popular (Molipo), e participou de ações armadas contra a ditadura. Era um dos nomes mais procurados pela repressão em São Paulo.

A versão oficial para a morte de Torigoe, na época, foi a de que o estudante sofreu ferimento em troca de tiros com agentes da repressão e morreu a caminho do hospital. Mas a morte do estudante só foi divulgada duas semanas após o ocorrido. Torigoe teria sido enterrado no cemitério Dom Bosco, em Perus, sob o nome falso de Massahiro Nakamura.

Na denúncia, os procuradores contestam a versão oficial e afirmam que Terigoe foi levado ainda com vida para o DOI-Codi, onde foi interrogado e torturado. A acusação é baseada no depoimento de duas testemunhas que estavam no DOI-Codi naquela data.

Os procuradores afirmam ainda que, de acordo com as testemunhas e um documento do Arquivo Público de São Paulo, os agentes responsáveis pela prisão de Terigoe sabiam de sua verdadeira identidade. Mesmo assim, o estudante foi enterrado com nome falso, com o objetivo de dificultar sua localização.

Até hoje, o corpo de Terigoe não foi localizado. A família tentou fazer a identificação dos restos mortais que estariam enterrados sob o nome falso de Nakamura, mas nenhum dos exames confirmou a identidade do estudante.

Esta é a primeira vez que o Ministério Público denuncia ex-agentes da ditadura pelo crime de ocultação de cadáver. Até então, as acusações eram de sequestro, uma vez que não havia provas da morte da vítima.

Outro lado

O advogado de Ustra, Paulo Alves Esteves, disse que seu cliente nega as acusações. A reportagem não conseguiu localizar Alcides Singillo até o começo da noite.

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