A Procuradoria da República no Distrito Federal concluirá em duas semanas o relatório de uma investigação que pode complicar a situação do ex-ministro e deputado José Dirceu (PT-SP). Em um ano e sete meses, o procurador Luciano Rolim colheu provas e ouviu depoimentos que indicam que a Casa Civil atuou, entre 2003 e 2004, para favorecer com verbas direcionadas ao estado do Paraná José Carlos Becker de Oliveira, o Zeca Dirceu, filho do então ministro.

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Embora o procurador não antecipe o conteúdo do relatório, a tendência é que ele proponha ação de improbidade administrativa contra os dois. O assunto foi revelado em reportagem da "Folha de S.Paulo" de ontem.

- Os indícios são muito fortes - confirmou o procurador. - Mas ainda estou analisando o caso antes de chegar a qualquer conclusão.

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Waldomiro operou para ajudar Zeca Dirceu

Testemunhas contaram no Ministério Público Federal que funcionários da Casa Civil influenciaram a liberação de recursos de outros ministérios a pedido de Zeca. A ordem partiria de Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu flagrado achacando o empresário de jogos Carlinhos Cachoeira.

Segundo o procurador, os três também podem responder por tráfico de influência e advocacia administrativa. No caso do deputado, que tem foro privilegiado, a ação só poderá ser proposta pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.

No Ministério da Assistência Social, durante a gestão de Benedita da Silva, o MP descobriu que foram montados processos para permitir o empenho de recursos para convênios com pelo menos dez prefeituras do Paraná, onde Zeca Dirceu faz carreira política e foi eleito prefeito de Cruzeiro D'Oeste, ano passado.

Segundo a investigação, os recursos foram empenhados no fim de 2003. Foram criados processos que ignoraram pré-requisitos para a liberação do dinheiro, como as análises técnicas e a apresentação de certidões negativas de débito das prefeituras. Alguns documentos apreendidos pelo MP tinham as inscrições "Zeca Dirceu" e "JCB" (as iniciais de seu nome).

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Os recursos financiaram projetos de assistência social e geração de renda de pequeno e médio portes, como por exemplo um programa de crédito para costureiras comprar equipamentos e montar o próprio negócio. O esquema foi descrito pela servidora do Ministério da Assistência Social (hoje Desenvolvimento Social) Maria de Fátima Almeida Gonçalves, em depoimento ao MP, e confirmado por inspeção no Fundo Nacional de Assistência Social, onde foram fotografados os processos com o nome de Zeca Dirceu.

O relatório final do inquérito deve propor ainda ação por falso testemunho contra Isabel Carneiro Silva, ex-assessora do deputado José Carlos Martinez (PTB-PR), morto em 2003, e que, segundo o MP, passou a atuar como assessora informal de Zeca Dirceu. Ela negou envolvimento com Zeca Dirceu, mas cinco servidores confirmaram ter sido procurados por Isabel para acompanhar projetos de interesse do petista no Paraná.

José Dirceu informou que só se pronunciará depois que o Ministério Público Federal se manifestar oficialmente.