O Ministério Público Federal vetou o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em duas sindicâncias internas da estatal petrolífera sobre as obras da Refinaria Abreu e Lima e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Em parecer à Justiça Federal, o MPF manifestou-se pelo indeferimento, "por ora", do pedido da Petrobras sob o argumento de que as perguntas versam, em parte, sobre atos ilícitos confessados por Costa em regime de delação premiada "cujo sigilo ainda interessa às investigações". A decisão final sobre a solicitação da estatal cabe ao juiz Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná.
"Nessa toada, para que não ocorram intervenções prematuras, e eventualmente prejudiciais, às diligências em curso, o Ministério Público Federal manifesta-se pelo indeferimento, por ora, do pedido de oitiva de Paulo Roberto Costa", argumentam os procuradores da República Antônio Carlos Welter e Roberson Henrique Pozzobon.
A decisão sobre o depoimento de Costa será dada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato. A Petrobras pretendia questionar Costa inclusive sobre a participação do ex-presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, do ex-diretor de Serviços Renato Duque e do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró no esquema de desvios e corrupção que, segundo ele, envolvem a Abreu e Lima, em Pernambuco.
A empresa salientou que o relato de Costa poderia ser feito por escrito e sob sigilo.
Petrobras questiona delator e põe na berlinda diretores nomeados por Lula
A Petrobras enviou 23 perguntas ao ex-diretor de Abastecimento, 19 delas no âmbito de uma sindicância relativa às obras da Abreu e Lima e quatro em outro procedimento, sobre o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Todos os ex-diretores citados nas perguntas chegaram aos cargos no governo Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e padrinho político da presidente. Gabrielli, substituído por Graça Foster, e Duque deixaram os postos na gestão Dilma. Cerveró deixou o cargo ainda com Lula. Costa, que ficou na diretoria de Abastecimento entre 2004 e 2012 - também deixou a estatal no governo Dilma -, fez delação premiada e revelou que ao menos 32 parlamentares receberam propinas.
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