Professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiram, ontem, derrubar o indicativo de greve que havia sido aprovado no início do mês de agosto pela categoria. A assembléia, realizada no Centro Politécnico, em Curitiba, contou com cerca de 80 docentes e a paralisação foi rejeitada por 54. Apenas 19 professores votaram pela manutenção do movimento e os demais se abstiveram. A decisão teve o apoio de um grupo de aproximadamente 70 estudantes que acompanhou a votação e vaiou a manifestação de professores que defendiam a paralisação.
Para o coordenador do curso de Ciências Contábeis, Blênio Peixe, que participou da assembléia, a paralisação está esgotada como instrumento de reivindicação. A professora Ana Paula Cherobin, chefe do departamento de Administração, também não queria a greve "em respeito à comunidade acadêmica". A última paralisação realizada na universidade durou mais de cem dias foi de agosto a dezembro de 2001 e a reposição das aulas só foi concluída no ano passado. "Este ano teremos a primeira turma formada sem ter passado por nenhuma greve", comemorava a professora ao final da assembléia.
Já para o secretário geral da Associação dos Professores da UFPR, João Negrão, a derrubada do indicativo de greve é preocupante. "Demonstra uma desmobilização e uma falta de consciência política da categoria. A posição vai afetar a participação e a influência da UFPR na negociação com o governo", disse. De acordo com ele, a negociação será realizada pelo comando nacional formado pelas instituições que optaram pela paralisação. As universidades que não estão em greve poderão se manifestar, mas não terão poder de voto nas deliberações sobre os posicionamentos nas discussões com o governo. Até ontem, três federais já tinham optado pela greve (Mato Grosso, Pará e Acre). Entre as reivindicações da categoria está o reajuste salarial de 18%, além de novas contratações de professores e técnicos administrativos.
Hoje, os técnicos administrativos da UFPR também decidem sobre a possibilidade de greve, numa assembléia no Hospital de Clínicas, que reúne 75% dos 3 mil servidores da Federal. De acordo com o Sinditest, entidade que representa a categoria, funcionários de outras 27 instituições federais do país já optaram pela paralisação.
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