Depois de cinco anos de espera, em junho o asfalto chegou a Adrianópolis, ligando a cidade a Bocaiúva do Sul e, daí, a Curitiba. Parece pouca coisa: são 94 quilômetros de estrada que começaram a ser asfaltados em 2000. Para Adrianópolis – município que integra o grupo dos 25 mais pobres do estado – no entanto, a novidade pode significar, enfim, um caminho para o desenvolvimento. Adrianópolis está no Vale do Ribeira, região ao norte da capital que fará parte dos debates da sétima etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, iniciativa da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), amanhã, em Curitiba.

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A falta de estradas asfaltadas é apenas um dos problemas da região, que reúne sete dos municípios com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná (ver quadro). "Os problemas vão da educação à saúde, passando pela falta de alternativas de emprego", diz a professora Miriam Elizabeth Angeluzzi, coordenadora de extensão da Universidade Federal do Paraná. Desde 2003, a universidade mantém o Programa Vale do Ribeira, que leva professores e estudantes para tentar melhorar os indicadores sociais da região.

Na área da saúde, o programa já fez 1,2 mil atendimentos, com a participação de estudantes de Medicina, Farmácia e Odontologia. Estudantes de Pedagogia, com a participação de professores, capacitaram 450 professores do ensino municipal e o curso de Turismo vem indenticando oportunidades de exploração do potencial turístico dos municípios. "Não é fácil, mas se percebe uma grande vontade da comunidade de ajudar a buscar soluções", diz Miriam.

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Batizada em homenagem a seu principal rio, o Ribeira do Iguapé, a região do Vale do Ribeira é formada pelos municípios de Doutor Ulysses, Itaperuçu, Adrianópolis, Cerro Azul, Tunas do Paraná, Rio Branco do Sul e Bocaiúva do Sul. Todos integram a região metropolitana de Curitiba – Doutor Ulisses, o mais distante, fica a 150 quilômetros da capital. Em 2000, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fez um estudo e percebeu que os moradores desses municípios estão fugindo da falta de oportunidades. Pela estimativa do IBGE, a população de Adrianópolis, por exemplo, encolherá dos atuais 7 mil para 3,8 mil habitantes em 2010. Rio Branco do Sul, que hoje tem 21 mil habitantes, pode chegar a 2010 com apenas 18,5 mil.

As razões para os problemas da região passam pela juventude de alguns dos municípios – três deles foram criados com pouca estrutura em 1990 –, pela grande população rural e, claro, pela dificuldade de acesso em estradas ruins. Para a professora Miriam as saídas devem ser buscadas na vocação da região, grande produtora de poncã e madeira e com atrações naturais, como parques e cavernas. "Uma coisa é certa: a população não quer nenhuma solução de cima para baixo", diz Miriam. "A comunidade quer participar da tomada de decisões."