Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça revelam que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pode ter recebido dinheiro de quadrilhas envolvidas com o desvio de dinheiro público, segundo reportagem publicada na edição desta semana da Revista "Veja". A reportagem, baseada nas investigações do promotor Sebastião Sérgio da Silveira, relata que o ex-tesoureiro teria recebido recursos do Orçamento da União repassados por integrantes da "máfia dos vampiros", envolvida no desvio de R$ 2 bilhões do Ministério da Saúde para a compra e venda de derivados de sangue.
A reportagem expõe ainda que Delúbio manteria relações estreitas com o lobista Laerte Correa Junior, preso pela Polícia Federal por ser um dos integrantes da chamada "máfia do lixo" -empreiteiras que fraudavam licitações municipais para a coleta e o tratamento de lixo em São Paulo.
Segundo a revista, o ex-tesoureiro do PT aproximou-se de Laerte Correa Junior durante a campanha presidencial de 2002, quando o lobista levantou cerca de R$ 1,5 milhão em doações de grandes laboratórios farmacêuticos para o PT. Em depoimento à Justiça Federal, Laerte limitou-se a afirmar que tratava com Delúbio apenas "assuntos relativos ao relacionamento entre a indústria farmacêutica e o governo", diz a revista.
Mas, segundo investigações, o lobista seria um dos responsáveis pela arrecadação de fundos para a campanha do petista José Machado à prefeitura de Piracicaba, a pedido de Delúbio. Em maio de 2004, pouco antes de pagar fornecedores da campanha, Laerte foi preso pela Polícia Federal na "Operação Vampiro". Já o petista José Machado perdeu a eleição, mas assumiu o cargo de superintendente da Agência Nacional de Águas, informou a reportagem de "Veja".
A reportagem diz ainda que, segundo o promotor, a ligação do ex-tesoureiro do PT com a máfia do lixo era feita pelo ex-petista Rogério Buratti, que foi assessor do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu e do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha e secretário de Governo do ministro Antonio Palocci quando ele era prefeito de Ribeirão Preto. Fora do governo, relata a revista, Buratti foi contratado para presidir a empreiteira Leão Leão, que atuava na coleta e no tratamento de lixo em diversas cidades no estado de São Paulo, de onde passou a comandar a distribuição de obras entre as empreiteiras.
Segundo a "Veja", nas escutas, diretores da Leão Leão falam com funcionários do governo federal. Uma das conversas seria com Wilney Barquete, em que aparece um pedido ajuda do então deputado Paulo Bernardo, hoje ministro do Planejamento, para resolver "pendências" em Brasília. Diante das informações de "Veja", o ministro negou ter dado qualquer tipo de ajuda à empreiteira, mas admitiu ter relações com Buratti. A revista relata ainda que o empresário Buratti mantinha contatos freqüentes com Valdemir Garreta, que integrou a equipe da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy.
As investigações do promotor Silveira também envolvem Fernando Fischer, Wilney Barquete, três diretores da Leão Leão, e Luiz Cláudio Leão, dono da empresa. Segundo Silveira, a suspeita mais forte é a de que Delúbio Soares teria obtido alguns favores para integrantes da máfia do lixo em troca de comissões.
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