O promotor Miguel Sogayar requereu nesta quinta-feira a prestação de contas da campanha do prefeito Nedson Micheleti (PT) à reeleição e do diretório municipal do PT referente a 2004 e encaminhou para exame da auditoria do Ministério Público. Ele divulgou nota dizendo que está adotando essas providências por entender que as declarações de Soraya Garciasobre o suposto uso de caixa dois pela campanha do prefeito "representam exatamente o surgimento de fato indicativo de violação à Lei dos Partidos Políticos". Ainda na nota, Sogayar diz que as declarações "apontam claramente a utilização pelo PT, notadamente na eleição municipal de 2004, de recursos não contabilizados". A auditoria deve demorar dois dias.
Sogayar justificou que existem indícios do uso de caixa dois e que "seria omisso" se não adotasse essa postura. "Existe denúncia e não é nenhuma denúncia sem base", declarou o promotor, lembrando que as investigações feitas a partir das declarações de Soraya têm reunidos "fortes indícios (de uso de caixa dois)".
O promotor citou como exemplo uma movimentação bancária na conta de Augusto Dias Júnior, apontado pela denunciante como suposto operador do caixa dois, e cuja quebra do sigilo bancário confirmou o que Soraya afirmou. A Polícia Federal pediu a ampliação do período de quebra do sigilo bancário, o juiz deu vistas ao MP e Sogayar se manifestou a favor da ampliação da quebra de sigilo por todo o ano de 2004.
"Situação prostituída"
O advogado contratado pelo PT, João dos Gomes Filho parabenizou Sogayar pela iniciativa. "Ele está fazendo o que eu disse que faria", declarou. O advogado disse que está atuando "nessa direção" e que o contador que está auditando as contas do PT foi mudado, já que Ranulfo Santana, anunciado na semana passada, foi trocado porque embora não assine a prestação de contas, orientou a sua elaboração.
Segundo Gomes Filho, ao encaminhar as contas para a auditoria o promotor "troca uma situação prostituída pela questão política" por uma apuração técnica. "Os adversários do PT se aproveitam de um momento de fragilidade, tentando trazer uma situação que não existe aqui para Londdrina", declarou Gomes Filho, que essa medida "protege o PT dos adversários políticos". "Se aparecer algum defeito (na prestação de contas), nós vamos discutir", completou.