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Brasília (AE) – O pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não serviu para acalmar a oposição no Congresso. Pelo contrário, os ânimos ficaram mais acirrados. Em meio ao pessimismo, alguns políticos voltaram a falar em pedido de abertura de impeachment de Lula. Minutos depois do fim da fala de Lula, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), chegou a dizer que viu, pela televisão, um presidente "medroso" e "acoelhado" encenando a "farsa do 'não sei de nada'". "O pronunciamento foi pífio", afirmou taxativamente.

"Se vossa excelência não tem dado trégua a corruptos, se vossa excelência está indignado, desculpas por quê, presidente? Será que vossa excelência deve mesmo pedir desculpas à nação? Ou será que o senhor está pedindo desculpas à nação de maneira indevida? Ou, se o senhor está pedindo desculpas à nação, o senhor o teria feito de maneira incompleta", disparou o líder do PSDB em discurso da tribuna do Senado.

Para o tucano, o pedido de desculpas "fazia parte do script". "Não valeria a peça, não valeria a encenação se ele não pedisse desculpas". Virgílio disse ter esperado que o presidente nominasse os "traídores". "O presidente se diz traído. Traído por quem, presidente? Por que sonegou à nação o nome dos traídores? Por que se mantém, portanto, misturado com eles, já que não os denuncia?", questionou o tucano.

Integrante da CPI dos Correios, o deputado paranaense Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que "não basta" que Lula se mostre indignado com os fatos. "Tem de tomar atitudes. Essa declaração do presidente cairia bem se fosse há 20 dias.

Esperava mais do pronunciamento. O presidente Lula tem de dizer quem o traiu". Embora tenha elogiado a "coragem" do presidente durante o discurso, o senador do PMDB Luiz Otávio (PA) disse que o que "todos querem saber é sobre sua participação ou não no episódio."

O petista Cristovam Buarque (DF) disse que o discurso poderia ser resumido em uma palavra: "frustrante". Disse que Lula teria de, no mínimo, anunciar projeto de lei acabando com a reeleição e que não seria candidato em 2006.

O senador disse que na segunda-feira comunicará se fica ou não no PT. "Não tenho nenhuma ligação política mais com o PT. O que me impede de falar agora que deixarei o partido é o afeto da militância", disse.

Para o líder do PFL no senado, Agripino Maia (RN), o presidente tinha que assumir que sabia da movimentação de caixa dois do partido.

A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) defende uma antecipação das eleições presidenciais e para deputado e senador em função da crise política. Ela acredita que as investigações da CPI dos Correios vão caracterizar um crime de responsabilidade cometido pelo presidente Lula, mas o Congresso, também atingido pelas denúncias, não teria legitimidade para conduzir um processo de impeachment.

O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), defende que o Congresso convoque pleito para que a população eleja uma constituinte, com prazo e objetivos específicos, como reforma política. A constituinte correria paralelamente aos trabalhos normais do Poder Legislativo e poderia, por exemplo, acabar com a reeleição para presidente.

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