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Paulo Roberto Costa disse que a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, foi um mau negócio | Ueslei Marcelino/Reuters/Arquivo
Paulo Roberto Costa disse que a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, foi um mau negócio| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters/Arquivo

Juiz decreta nova prisão a Nestor Cerveró

O juiz federal Sérgio Moro decretou novamente ontem a prisão preventiva do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Com o novo mandado, a decisão anterior do juiz plantonista Marcos Josegrei da Silva torna-se inválida. Na nova decisão, Moro fundamenta a prisão preventiva nos crimes de corrupção passiva, ocultação de bens e possibilidade de fuga.

Na primeira decisão, que resultou na prisão de Cerveró na semana passada, o juiz plantonista se baseou nas movimentações financeiras do ex-diretor. A defesa alegou que se tratava de adiantamento de herança para os filhos e entrou com um pedido de habeas corpus, negado liminarmente. O mérito seria julgado na semana que vem. Com a decisão de Moro, o habeas corpus atual perdeo objeto e a defesa deverá apresentar um novo pedido.

Moro refutou a alegação da defesa de que as transferências seriam herança. Moro também levou em consideração o fato de Cerveró possuir cidadania espanhola. O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, não quis se manifestar sobre a nova decisão.

Kelli Kadanus

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator da Operação Lava Jato, confessou à Polícia Federal (PF) que recebeu US$ 1,5 milhão para "não atrapalhar" a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o delator, o negócio pode ter envolvido uma propina de US$ 20 milhões a US$ 30 milhões – valor supostamente pago pela Astra Oil, antiga sócia do empreendimento, ao ex-diretor de Internacional da estatal Nestor Cerveró e ao lobista Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, suposto operador do PMDB no esquema.

"Fernando Baiano procurou o declarante [Costa] para pedir que não criasse problemas na reunião de Diretoria para aprovar a compra da refinaria de Pasadena; o processo de compra já estava bastante adiantado no âmbito da Petrobras", diz documento da PF, que relata dois depoimentos de Costa que integram o acordo de delação premiada.

Os dois itens dos termos de delação não citam nomes de políticos, por isso puderam ser anexados aos processos e inquéritos que estão na Justiça Federal em Curitiba sob a guarda do juiz Sérgio Moro.

"Fernando Baiano ofereceu ao declarante [Costa] o valor de US$ 1,5 milhão para não causar problemas na reunião de aprovação da compra da refinaria de Pasadena", diz o relatório. O ex-diretor "aceitou o valor e Fernando operacionalizou a disponibilização deste valor no exterior".

Costa disse acreditar que o "valor tenha sido bancado pela própria Astra Petróleo", dona da refinaria que vendeu 50% à estatal brasileira em 2006. Segundo o Tribunal de Contas da União, o negócio gerou um prejuízo de US$ 792 milhões.

O delator disse ainda à PF que, por volta de 2007 ou 2008, esteve com Fernando Baiano em Liechteinstein, no Vilartes Bank, e acredita que tenha sido nesse banco que foi depositada a propina.

Costa cita o envolvimento do ex-diretor Nestor Cerveró, preso desde o dia 14, e de outro funcionário.

Segundo Costa, Baiano era o operador de propinas do PMDB na estatal, mas tinha boa circulação entre todos os partidos. De acordo com ele, o lobista frequentava Brasília "com regularidade" e era muito próximo do empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula.

"Mau negócio"

Costa disse ainda que a compra da refinaria de Pasadena foi um mau negócio, que foi aprovado por unanimidade pela Diretoria Executiva da estatal. "Não foi um bom negócio, pois a mesma era feita para processar petróleo leve, enquanto a Petrobras exportava petróleo pesado", disse em depoimento.

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