O executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, afirmou em acordo de delação premiada na Operação Lava Jato que parte da propina paga para o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque eram "doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores". Outras formas foram "parcelas em dinheiro" e "remessas em contas indicadas no exterior". Ele estimou em "aproximadamente R$ 4 milhões" o total pago em doações ao PT entre os anos de 2008 e 2011 por orientação pessoal de Duque.
Mendonça Neto afirmou que as empresas responsáveis pelas doações foram a Setec Tecnologia, a PEM Engenharia e a SOG Óleo e Gás. A reportagem localizou na prestação de contas enviada pelo Diretório Nacional do PT à Justiça Eleitoral em 2010 um valor total de R$ 2,1 milhões em nome das três empresas.
Partido
Procurado pela reportagem, o Planalto diz que "doações de campanha são da alçada do Partido dos Trabalhadores". Em nota, a secretaria de Finanças do PT diz que só recebe doações de acordo com a legislação eleitoral vigente. O partido afirma que os recibos foram declarados na prestação de contas apresentada ao TSE e que o processo ocorreu dentro da legalidade.
Ministros, dirigentes petistas e congressistas do partido veem a delação de Mendonça Neto como parte de um "roteiro" dos investigadores da Lava Jato para envolver Dilma e Lula no escândalo da Petrobras. Para eles, será difícil que o juiz Sergio Moro consiga "criminalizar" a "propina legal".
Outro depoimento
Júlio Camargo, outro executivo da Toyo Setal que fechou acordo de delação premiada, afirmou em depoimento que as doações que fez legalmente a 11 partidos políticos não fazem parte do esquema de propina.
Em outro depoimento, Mendonça Neto contou ter mantido em 2008 uma reunião com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, na sede do diretório estadual do PT em São Paulo, quando disse que "gostaria de fazer contribuições" ao PT. No encontro, disse o executivo, ele não contou ao tesoureiro que "as doações seriam feitas a pedido de Renato Duque". Vaccari então lhe orientou "como fazer" as doações.
Mendonça disse ainda que Duque recebeu da Toyo Setal, contratada pela petroleira para obras no Paraná e em São Paulo, 1,3% em "comissões" sobre o valor total de cada contrato fechado. O ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, recebeu 0,6% sobre os contratos, segundo o delator. Os acertos foram promovidos, ainda de acordo com o depoimento, por um "clube" de empreiteiras.
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