Colégio Estadual Jardim Paulista, em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba .| Foto: Albari Rosa/gazeta do povo

Testemunhas ligadas à construtora Valor, responsável pelas obras investigadas na Operação Quadro Negro, afirmam que o dono da empresa fazia saques de até R$ 800 mil em dinheiro vivo e que essa verba era repassada irregularmente a pessoas ligadas ao governo do Paraná. Segundo os depoimentos, ouvidos pelo Gaeco, o dinheiro era desviado de obras de escolas estaduais em um esquema que teria beneficiado autoridades do primeiro escalão.

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VÍDEO: Em depoimento, Eduardo Lopes de Souza se manteve em silêncio em pelo menos dois momentos

Testa de ferro

Vanessa Domingues de Oliveira afirmou ao Gaeco que era funcionária da Valor, com salário de R$ 5 mil. Passou a “sócia” porque Eduardo Lopes de Souza tinha restrições e não podia assumir formalmente a propriedade da construtora. Segundo Vanessa, para assumir como testa de ferro, ela recebeu um aumento de R$ 1 mil.

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Uma das testemunhas ouvidas pelo Gaeco, Vanessa Domingues de Oliveira, diz que os cheques usados para fazer os saques somaram R$ 6 milhões. Vanessa, que diz ter sido sócia “laranja” da Valor, afirma que o desvio era feito por meio de falsas medições nas obras tocadas pela empresa. Os fiscais ordenavam o pagamento da obra afirmando que ela estava dentro do cronograma, o que não seria verdade. Segundo as testemunhas, houve casos em que 99% da obra havia sido paga quando só 10% tinham sido executados.

Confira como funcionava o esquema de desvio de dinheiro

Úrsulla Andrea Ramos, que trabalhou como advogada da Valor, conta que quando soube das investigações foi falar com Eduardo Lopes de Souza, o verdadeiro dono da empresa, para saber o que se passava. “Ele me relatou o que tinha acontecido. Que havia as medições, que eram superfaturadas. Que havia um valor concretizado, realizado, e outro que era efetivamente medido e pago pelo governo. Nesta oportunidade eu falei: ‘Espera lá. Para que isso? De que forma tem sido feito?’ Aí ele me colocou que essa situação tinha sido feita para que fosse angariado dinheiro para que esse dinheiro fosse redestinado.”

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Segundo o depoimento de Vanessa, a verba era repassada para que a Valor ganhasse novas licitações. “Ele me contou que dava dinheiro para esse povo para agilizar o processo, porque achava que iria ganhar mais licitações. Com o dinheiro dessas outras licitações ele iria tocar essas outras dez obras que o dinheiro sumiu, que R$ 24 milhões foram recebidos.”

Entre as pessoas que teriam recebido dinheiro, segundo as testemunhas, estariam os deputados Ademar Traiano (PSDB), Plauto Miró (DEM) e Tiago Amaral (PSB), o conselheiro do Tribunal de Contas Durval Amaral e o secretário estadual de Infraestrutura, Pepe Richa. Os deputados e Durval negam as acusações. Pepe disse que não comentaria o caso. O governador Beto Richa (PSDB) também negou a denúncia de que dinheiro desviado teria sido usado em sua campanha de reeleição. As acusações contra políticos foram enviadas à Procuradoria-Geral da República.

Vanessa fala que os saques “aumentaram bastante” entre julho e agosto de 2014, por causa da campanha eleitoral. “Foram vários saques nesta época, de R$ 200 mil, de R$ 300 mil”, disse ao Gaeco.

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“Da conta da empresa, eu fiz um levantamento e deu mais de R$ 6 milhões”, diz ela, falando sobre o total sacado em dinheiro vivo. Segundo Vanessa, os valores eram entregues no estacionamento do banco a Eduardo. A ex-funcionária diz ter ouvido o patrão afirmar que o dinheiro seria dado a autoridades. Segundo ela, de todo o dinheiro que entrava, 2% eram destinados a Maurício Fanini, à época diretor da Secretaria da Educação. Fanini nega.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]