A probabilidade de se morrer assassinado no Brasil é duas vezes maior para um negro do que para um branco. É o que aponta o Relatório de Desenvolvimento Humano 2005 - Racismo, pobreza e violência, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
De acordo com o documento lançado nesta sexta-feira em Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo (SP), a taxa de homicídios registrada pelo sistema de informação sobre mortalidade, do Ministério da Saúde, em 2001, indica que negros de 20 a 24 anos têm duas vezes mais chances de serem vítimas de assassinatos do que brancos da mesma faixa etária. Para cada 100 mil habitantes, 218,5 vítimas são negras, e 102,3 brancas.
O relatório mostra que nas últimas décadas houve um crescimento de todas as modalidades de crime no Brasil. Em 1980, por exemplo, o país registrava 11,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. Há quatro anos, os números aumentaram para 30,6 por 100 mil. Em 21 anos, o Ministério da Saúde contabilizou 646.158 assassinatos, quase 30 mil por ano.
No ranking dos homicídios estudados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil só perde para países como a África do Sul, a Venezuela e a Colômbia, país que enfrenta uma longa guerra civil.
Segundo o documento, as taxas de homicídios são mais altas em bairros onde a renda média é menor e os serviços urbanos mais deficientes. "A desigualdade caminha com a distribuição desigual de riqueza, educação, saúde e saneamento entre brancos e negros no Brasil", afirma o relatório ao registrar que em alguns estados brasileiros, a incidência de homicídios para negros chega a ser seis vezes maior do que para brancos.
Entre os estados com as taxas mais elevadas (para cada 100 mil habitantes) estão: Roraima (138,2); Rondônia (120,7); Mato Grosso (96,8); Rio de Janeiro (96,2); Acre (88,5); Mato Grosso do Sul (86,1); São Paulo (83,1); e Amapá (75,4).