Ao chegar para o encontro nacional do diretório do PT, em Brasília, o presidente do PT do Paraná, deputado federal Enio Verri, admitiu em entrevista à Gazeta do Povo que a bandeira pela antecipação das eleições gerais tem se fortalecido no partido. “Eu pessoalmente acho uma boa pauta, inclusive de mobilização da sociedade. Podemos transformar o processo de antecipação das eleições em um novo movimento Diretas Já, mas hoje com uma população mais crítica, mas consciente, mais organizada”, afirmou ele. A questão é uma das pautas do encontro, que começou nesta terça-feira (17) por volta das 11 horas.
“Mas dentro do PT não está claro ainda se é melhor defender um processo de antecipação das eleições ou apostar tudo em setembro e, caso a gente não seja bem sucedido, investir em 2018 [ano da eleição presidencial]”, explicou ele, em referência à votação final do processo de impeachment no Senado, prevista para ocorrer no começo de setembro.
Questionado se o PT ainda vê chance no retorno da presidente afastada Dilma Rousseff, Verri admitiu dificuldade. “Tem chance, claro que existe, mas precisamos ser realistas. Temos que mudar a opinião de três senadores, não é fácil. É claro que o vice-presidente Temer tem ajudado nisso, tem sido um ‘grande parceiro’ tomando as atitudes que ele está tomando. Mesmo assim, a política é um tabuleiro de xadrez. Não é só a gente que move a peça”, cutucou ele.
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Outro ponto da pauta do encontro é a posição do PT em relação ao governo Temer. “É claro que a posição será de oposição. Não temos dúvida, mas há vários tipos de oposição que se possa fazer”, explica ele. Para o deputado federal, “fazer oposição pela oposição” não seria “uma postura adequada”.
“Eu particularmente entendo que o PT é e tem que continuar sendo uma alternativa de poder. Isso implica fazer uma oposição à esquerda. Mas não implica necessariamente votar contra projetos que nós defendíamos enquanto estávamos no governo. Por exemplo, a CPMF, caso ela venha. Dentro das emendas que nós apresentamos – para quem ganha abaixo de três salários mínimos não seja cobrado, por exemplo –, eu acho uma boa política e votaria favorável”, antecipou ele.
Já em relação à reforma da Previdência, que tentou ser viabilizada sem sucesso pelo governo Dilma, em parte devido à resistência da própria bancada do PT, Verri repetiu que qualquer mudança deve ter necessariamente o apoio das centrais sindicais. Na segunda-feira (16), a cúpula do governo Temer se reuniu com representantes de quatro das seis maiores centrais sindicais para tratar do assunto: Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central. As centrais historicamente ligadas ao PT e ao PCdoB, respectivamente CUT e CTB, se recusaram a participar da reunião.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, dará uma entrevista coletiva à imprensa após a reunião, que acontece no Hotel San Marco. O encerramento está previsto para o fim da tarde desta terça.
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