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Ao afirmar esta semana que é uma " grande solução para o agronegócio ", Marina Silva tentou se aproximar dos produtores rurais. Mas sua proposta de certificar ambientalmente produtos para exportação, como o etanol, não empolga o setor. Até ativistas ambientais afirmam que há outras prioridades para o campo. Os problemas, explicam especialistas, envolvem questões estruturais, como câmbio valorizado, barreiras sanitárias e até a falta de mapeamento das propriedades rurais do país.

Na terça-feira, em entrevista à Globonews, a candidata do PV à Presidência defendeu que a questão ambiental pode estar aliada ao aumento de produção agropecuária, que ocorreria com tecnologia, sem aumentar a área desmatada. Ela afirmou que o setor tende a ganhar respeitabilidade e mercado com o respeito à preservação.

Apesar de concordar com a certificação, Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (associação que reúne exportadores de carne suína), disse que a agropecuária precisa enfrentar problemas mais urgentes:

- Grande parte de nossos produtos são barrados no exterior por barrerias sanitárias. Além disso, a falta de logística e o câmbio tiram nossa competitividade. É como uma corrida de obstáculos. A certificação ambiental vai aparecer lá na frente, mas antes temos que vencer as primeiras barreiras - disse.

O ex-ministro da Agricultura e atual coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, Roberto Rodrigues, acredita que falta visão estratégica dos governantes. Segundo ele, o agronegócio avançou até agora muito mais devido ao esforço da iniciativa privada do que aos planos do governo. Rodrigues aposta na ampliação da infraestrutura logística e de pesquisa e desenvolvimento:

- A produção de grãos do país cresceu 147% nos últimos 20 anos com um aumento da área cultivada de apenas 25%.

Ele disse que 80% do aumento da produção no país serão decorrentes da alta de produtividade, e apenas 20% serão resultados de novas áreas - que não virão de regiões desmatadas. Para Rodrigues, 40 milhões de hectares de pastagens hoje degradados se somarão aos 72 milhões de hectares da agricultura.

Caiado: "Ela não explica quem vai pagar a conta"Paulo Adário, do Greenpeace, afirmou que a proposta de Marina de certificação é boa, mas destacou que a prioridade é cadastrar as propriedades rurais.

- A certificação é importante, mas antes o governo tem de fazer a lição de casa e cadastrar as fazendas, para saber quais são legais e ver a qualidade da mão-de-obra do campo.

Já o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), representante da bancada ruralista e opositor de Marina, disse que a proposta dela não encontra respaldo na realidade:

- Todos aplaudimos a certificação e o georreferenciamento das propriedades para análise das reservas florestais. O que ela não explica é quem vai pagar a conta. O produtor terá que arcar com mais estes custos, quando o benefício será para toda a população? - questionou, defendendo que a conta seja paga com recursos orçamentários.

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