Em Curitiba, manifestantes lembram do caso Derosso

Chico Marés

Mesmo sob forte chuva, um grupo de cerca de 150 pessoas, na maioria jovens entre 15 e 20 anos, fez mais uma passeata contra a corrupção no Centro de Curitiba. Os manifestantes se reuniram na praça Santos Andrade, às 13 horas, e seguiram até a Câmara de Curitiba. A marcha, que se classifica como apartidária, foi organizada pela internet.

A marcha foi pacífica, circulou pelo Centro da Cidade antes de chegar até a Câmara – passando pela Rua XV de Novembro, pela praça Rui Barbosa e pela Avenida Visconde de Guarapuava. No percurso, as pessoas gritavam palavras de ordem como "Político ladrão, seu lugar é na prisão", "O povo acordou, o povo decidiu, ou acaba a roubalheira ou paramos o Brasil" e "Abaixo o pão e circo". O presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (PSDB), acusado de irregularidades, foi lembrado pelos manifestantes, que, em diversos momentos, gritaram "Derosso, larga o osso".

Além de questionar a corrupção no país, os manifestantes pediram também a destinação de 10% do PIB do país para a educação. Entre as principais críticas feitas pelo movimento estão a priorização da construção de estádios para a Copa do Mundo com dinheiro público em vez do investimento em escolas – o que classificam como "pão e circo".

A maior parte dos manifestantes eram "anons", indivíduos do grupo Annonymous, que se descreve como "um coletivo de pessoas em todo o mundo que, apesar de suas diferenças de opinião comum e crenças, estão unidos sob um desejo comum de verdadeira liberdade e um mundo livre de opressão". Entretanto, pessoas de outros movimentos também se juntaram à marcha para pedir o fim da corrupção no país e um governo com maior participação popular.

Manifestantes

Para o ativista Keyhole (buraco de fechadura, em inglês), que prefere não falar seu nome oficial, o movimento, neste momento, busca divulgar suas ideias e conscientizar a população. "Não temos um objetivo fixo hoje, exceto o de angariar pessoas que realmente se interessam e queiram entender [a política]", afirmou.

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O protesto contra a corrupção marcado para ocorrer ontem em 37 cidades brasileiras não resistiu à combinação de chuva e feriadão: as maiores passeatas reuniram de 150 a 200 pessoas. Os manifestantes disseram que, mesmo assim, o valor do ato foi simbólico. Essa foi a terceira rodada de protestos do gênero: antes, os mesmos grupos haviam se encontrado no Sete de Setembro e no Dia da Padroeira, em 12 de outubro. Em Curitiba, 150 pessoas foram às ruas.

Organizado por cinco entidades da sociedade civil em redes sociais da internet, o protesto no Rio de Janeiro reuniu cerca de 150 pessoas na Cinelândia. Entre as reinvindicações do grupo estavam o voto aberto dos parlamentares no Congresso; a aplicação da Lei da Ficha Limpa nas próximas eleições; e a aprovação da lei que torna a corrupção crime hediondo.

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"A gente não queria que a manifestação fosse neste feriado, mas foi a data que os organizadores de todo o Brasil escolheram. Estamos fazendo apenas um ato simbólico", afirmou Cristina Mazza, do movimento Todos Juntos Contra a Corrupção.

Um boneco do personagem Pinóquio serviu de símbolo do protesto. Os organizadores fizeram ainda um varal onde foram expostas reproduções de reportagens de jornais e revistas sobre corrupção, principalmente casos envolvendo as crises dos ministérios do governo Dilma Rousseff.

Em São Paulo, onde também choveu, apenas 200 pessoas se reuniram no vão livre do Masp e saíram em passeata pela Avenida Paulista no início da tarde desta terça-feira, feriado de Proclamação da República. O problema é que a data e o local escolhidos pelos movimentos políticos coincidiu com outra manifestação.

O vão livre do Masp teve de ser dividido entre os participantes da marcha contra a corrupção e líderes e participantes de cultos afrobrasileiros que protestavam contra o Projeto de Lei 992/11, chamado Lei do Abate, que quer proibir o sacrifício de animais em rituais dessas religiões, proposto pelo deputado estadual Feliciano Filho, do PV. Os manifestantes religiosos e os participantes do ato anticorrupção acabaram saindo juntos em passeata pela Paulista.

Belo Horizonte

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Apesar do tempo fechado e das pancadas de chuva, as centenas de manifestantes que foram à Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, não perderam o ânimo. Pessoas de todas as idades marcharam em torno da praça.

Na concentração na praça, representantes dos movimentos usaram um megafone para discursar e motivar os manifestantes. O tempo fechou quando um jovem que está acampado na Praça da Assembleia (como parte do movimento de ocupação de praças no mundo todo) provocou os colegas presentes: "É muito fácil gastar uma horinha no fim de semana ou no feriado aqui pra reclamar. Para derrubar o sistema de verdade, tem que acampar lá na praça, ficar com a gente", discursou sob silêncio.geral e aplausos esparsos.