Agência bancária destruída na Avenida Paulista| Foto: Renato Cerqueira/Futora Press/Folhapress

Pelo menos três grandes cidades – São Paulo, Brasília e principalmente Rio de Janeiro – amanheceram ontem contabilizando os prejuízos com o vandalismo dos protestos do Sete de Setembro. O saldo das manifestações ainda teve uma vítima mais grave: o estudante de São Paulo Vítor Araújo perdeu a visão de um olho após o estouro de uma bomba de efeito moral da polícia. Os protestos resultaram ainda na prisão de 525 manifestantes em todo o país (27 deles em Curitiba) por desacato, vandalismo e porte de objetos proibidos. Até a tarde do domingo, segundo informações do site G1, cerca de 20 pessoas continuavam detidas (na capital paranaense, todos foram liberados no sábado, após prestarem esclarecimentos em uma delegacia).

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O Rio foi a cidade onde ocorreram os maiores prejuízos. Houve depredação em pontos de ônibus, estações de metrô, placas de sinalização, relógios públicos, placas publicitárias, bares, restaurantes e agências bancárias. Nem mesmo a sede da Sociedade Viva Cazuza, que presta assistência a crianças portadoras de HIV, foi poupada. Os muros da ONG estampavam pichações contra a PM, símbolos anarquistas e também marcas de bombas de gás lacrimogêneo jogadas pelos policiais contra manifestantes. Os estragos se espalharam por vários bairros: Centro, Lapa, Glória, Flamengo, Catete e Laranjeiras.

Em São Paulo, houve depredações na Avenida Paulista e no Centro. O prédio da Câmara Municipal teve vidros quebrados por pedras lançadas por vândalos. Brasília também contou os prejuízos em prédios públicos e privados nas proximidades do Estádio Mané Garrincha, onde houve confronto entre policiais e manifestantes.

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Repercussões

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gil­berto Carvalho, lamentou ontem que as manifestações de rua tenham registrado violência e depredações. Ele ainda disse que isso causou o esvaziamento dos protestos, que tiveram menos manifestantes do que em junho devido ao medo da violência. "Preferia que as manifestações fossem vigorosas e pacíficas. Esvaziadas como foram, não dá nem para saber as bandeiras das reivindicações", afirmou. "É ruim que as pessoas tenham medo das manifestações. A democracia perde com isso."

Já a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) emitiu nota em que considera "inaceitável" as agressões a cinco jornalistas enquanto trabalhavam nas manifestações do Rio, Belo Horizonte, Brasília e Manaus.