Onze cidades do interior do Paraná realizaram protestos neste domingo (4/12) contra as mudanças feitas pela Câmara dos Deputados no projeto das 10 medidas contra a corrupção. Em Cascavel e Maringá, deputados federais do Paraná que votaram pela desfiguração da proposta original foram os principais alvos das manifestações. Todos os atos, que também se espalharam por Apucarana, Dois Vizinhos, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Londrina, Palotina, Ponta Grossa, Rio Negro e Toledo ficaram marcados pelo apoio à Operação Lava Jato. Não há estimativa total de participantes.
Em Cascavel, na região Oeste, faixas com os nomes e fotos de 12 parlamentares foram levadas à Avenida Brasil com destaque para os três deputados - Alfredo Kaefer (PSL), Evandro Roman (PSD) e Fernando Giacobo (PR) - que representam a cidade.
Vanderlei Alves de Oliveira, que segurava uma das faixas, disse que os deputados aproveitaram um momento de dor com a tragédia que matou a equipe da Chapecoense para aprovar um projeto que só interessa a eles. “Na calada da noite, na hora em que o Brasil e o mundo choravam com a maior tragédia do esporte, eles usaram isso a favor deles de uma forma lamentável e triste para que pudessem esconder essa votação”, argumentou.
Em Maringá, na região Noroeste, os deputados da cidade, Edmar Arruda (PSD) e Ênio Verri (PT) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), foram os principais alvos dos protestos. A aposentada Dulce Consuelo tem dificuldades para se locomover e marcou presença mesmo com o auxílio de um andador. “Os políticos estão com medo da Operação Lava Jato, por isso fazem alterações nos projetos e nas leis para tentarem se livrar, não aguentamos mais isso”.
Foz
Foz do Iguaçu, na região Oeste, foi uma das primeiras cidades do país a participar do manifesto nacional. O ato começou às 10h na Praça do Mitre, área central da cidade, e reuniu 230 pessoas segundo a Polícia Militar. De acordo com os organizadores, a estimativa é de 350 participantes.
Com bandeiras, faixas e cartazes, os manifestantes demonstraram apoio ao juiz federal Sério Moro e às investigações da Operação Lava Jato. Os participantes também se revezaram em discursos inflamados contra as alterações do pacote das 10 medidas contra a corrupção e diversas pautas nacionais e locais.
Londrina
Em Londrina, o “pixuleco”, boneco do Movimento Brasil Livro (MBL) que faz referência ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) com roupa de presidiário, serviu novamente como marco do protesto. As falas da manifestação foram de apoio ao juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, contra Lula e o PT e o presidente do Senado, Renan Calheiros. O candidato a prefeito pelo PSDB, Valter Orsi, foi um dos oradores. Ele lembrou que a equipe da Lava Jato recebeu o Prêmio Contra a Corrupção, oferecida pela Transparência Internacional, na 17ª Conferência Internacional Anticorrupção, realizada na Cidade do Panamá, na semana passada.
O procurador Cláudio Esteves, vice-presidente da Associação Paranaense do Ministério Público, afirmou que se a legislação endurecer a punição contra juízes e promotores entrar em vigor, investigações que tiveram grande repercussão em Londrina, como o caso Ama/Comurb (escândalo que levou à cassação de Antonio Belinati) e o Operação Publicano, que desmontou um esquema de corrupção na Receita Estadual, não teriam ocorrido. “Londrina é bem emblemática nesse sentido”, afirmou Esteves.
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