Milhares de brasileiros foram às ruas neste domingo (13) pela quarta vez no ano para exigir a destituição da presidente Dilma Rousseff, mas sem conseguir reunir um apoio maciço que causasse preocupação ao governo.
Os protestos contra a presidente, alvo de um processo de impeachment no Congresso por maquiar as contas públicas, reuniram cerca de 48 mil pessoas, segundo a polícia, e 372 mil, segundo os organizadores, em 50 cidades. Os dados de São Paulo – até agora o maior protesto do país – foram divulgados somente por volta das 19 horas e, segundo a PM, apontam para 30 mil o total de manifestantes que foram à Avenida Paulista. Já, no Rio de Janeiro, os organizadores estimam que o protesto teve adesão de apenas 5 mil pessoas.
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VÍDEO: opositores da presidente vão às ruas no Rio e em SP
Mesmo com as estimativas de público ainda sendo contabilizadas, é improvável que a adesão chegue perto dos protestos de 15 de março deste ano – os maiores até aqui –, quando de 1 milhão a 1,8 milhão foram às ruas contra o governo.
Em agosto, o ato contra o governo na capital paulista reuniu 135 mil manifestantes, de acordo com levantamento do Datafolha – que hoje estimou 40,3 mil presentes em São Paulo, mais que a PM. No ato de março, foram 210 mil pessoas, e no de abril, 100 mil.
Em grandes capitais como Rio, Brasília e Curitiba, os participantes não chegaram a um quarto do registrado nos atos de agosto. Brasília reuniu 6 mil manifestantes neste domingo, contra 25 mil no protesto anterior, segundo estimativas da Polícia Militar; Curitiba teve 10 mil, contra 60 mil em agosto, e no Rio apenas 5 mil foram à orla de Copacabana, contra 100 mil anteriormente, segundo organizadores.
Florianópolis reuniu 1.200 pessoas, menos de 5% do registrado no último ato. No Recife, 7 mil foram às ruas, e, em Belo Horizonte, 3 mil. Belém e Salvador registraram menos de 1 mil manifestantes cada.
Os atos deste domingo ocorreram em ao menos 100 cidades do país para pedir a saída da presidente. Os organizadores dos protestos, como o Movimento Brasil Livre e o Vem pra Rua, afirmam que já esperavam adesão menor, uma vez que se trata da retomada do movimento de rua pró-impeachment. Seria, segundo eles, um aquecimento para protestos maiores no ano que vem.
Saída da presidente
“O tempo está demonstrando a incapacidade da Dilma de governar o país, está levando o país pro buraco. Há elementos para o impeachment, a presidente fez muitas manobras fiscais ilegais”, disse o engenheiro Adriano de Queiroz, de 36 anos, enquanto protestava em Brasília.
Embora grande parte da população esteja farta da corrupção, o Brasil atravesse a prior recessão econômica em décadas, a inflação supere os 10% e o desemprego esteja aumentando, o protesto deste domingo contra Dilma não reuniu o mesmo número de pessoas das manifestações anteriores, que, de acordo com a polícia, levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas em março e centenas de milhares em abril e agosto.
Os organizadores justificam a fraca participação pela convocação em cima da hora, há 15 dias.
“Esperamos muito menos gente hoje porque nas outras manifestações tivemos dois ou três meses para nos organizarmos. A de hoje é um sinal de que a população está voltando às ruas, que está muito atenta ao processo de impeachment”, argumentou Kim Kataguiri, coordenador nacional do Movimento Brasil Livre, em declaração durante o ato em São Paulo.
“Hoje vamos marcar a data para a próxima manifestação, que será no ano que vem e vai igualar as outras três que já fizemos”, garantiu.
Veja como foi o domingo de manifestações pelo Brasil
Leia a matéria completa“Não vou pagar o pato”
Na Avenida Paulista, em São Paulo, milhares de manifestantes exigiam a expulsão da ex-guerrilheira esquerdista de 67 anos que tem uma popularidade de 10%, em menos de um ano de seu segundo mandato.
A grande atração do protesto na capital paulista era um pato gigante que há semanas enfeita a entrada da sede da poderosa Federação de Indústrias de São Paulo (Fiesp), acompanhado da legenda “Não vou pagar o pato”, e onde todos queriam tirar uma foto.
“Estar aqui hoje é muito importante para que o Brasil se livre de um projeto criminoso, que usa dinheiro da corrupção nas estatais para comprar votos dos parlamentares. Eles se vendem por dinheiro e perpetuam a corrupção no poder”, disse o engenheiro Ricardo Santos, de 54 anos, acompanhado do cachorro – vestido de amarelo.
Em Brasília, os manifestantes caminharam até o Congresso e cercaram um gigantesco boneco inflável de Dilma com um grande nariz apelidado de “Dilmentiras”. Depois fizeram um enterro simbólico da presidente e do Partido dos Trabalhadores.
A polícia se preparou para receber 60 mil manifestantes em Brasília, mas contabilizou apenas 6 mil.
No Rio de Janeiro, os manifestantes, bem menos do que em protestos anteriores, desafiaram o forte calor e o sol brilhante do meio dia para pedir a saída de Dilma em frente à praia de Copacabana, enquanto outras pessoas aproveitavam para tomar banho de mar e pegar sol.
“Estamos aqui com a esperança de que sem Dilma vai ser melhor. É que pior do que está não fica. Sob o comando de Dilma, o país só piorou”, disse Armando Curado, um aposentado de 70 anos.