Os movimentos sociais organizam ato para a tarde desta sexta-feira (4) em resposta à condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para depor à força-tarefa da Lava Jato. Ele foi levado ao aeroporto de Congonhas e presta depoimento durante esta manhã.
Houve confusão mais cedo em São Bernardo (SP), onde manifestantes favoráveis e contrários a Lula se aglomeraram após a notícia da ação da PF. Houve confronto físico e policiais da tropa de choque intervieram para apartar os grupos. Há pessoas pró e anti PT também no aeroporto da zona sul da capital paulista.
Militares ficam ‘muito preocupados’ com confrontos entre grupos pró e contra Lula
CUT chama ação da PF de ‘golpe’ e anuncia vigília em defesa de Lula
Coordenador dos Movimentos Populares, Raimundo Bonfim avisa que haverá reação: “No início da tarde faremos uma reunião de emergência da Frente Brasil Popular. Vamos organizar a resistência.”
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MBL fará ato em apoio à Lava Jato
O Movimento Brasil Livre (MBL) fará ato às 19 horas desta sexta em frente ao Masp em defesa da Operação Lava Jato.
“Queremos deixar claro que a população brasileira quer o cumprimento da lei”, afirmou Renan Santos, um dos líderes do grupo.
Os protestos emergenciais não interfeririam nos planos da grande manifestação pró-impeachment e antipetista marcada para o dia 13 de março, que o MBL e o Vem Pra Rua divulgam junto a outros grupos.
Os dois movimentos foram os principais organizadores de atos a favor do impeachment que levaram milhares de pessoas às ruas no ano passado.
Sobre a operação desta sexta, Renan afirmou que trata-se de uma demonstração de que as instituições ainda estão funcionando.
“A Polícia Federal poupou os grandes investimentos que iríamos fazer de divulgação”, disse.
“Podemos esperar um dia 13 maior que o dia 15 de março do ano passado”, acrescentou, em alusão ao maior protesto que o MBL ajudou a convocar. Na ocasião, 210 mil pessoas foram à avenida Paulista.
CUT chama ação da PF de ‘golpe’ e anuncia vigília em defesa de Lula
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT, anunciou na manhã desta sexta-feira, 4, que fará uma vigília em todo o País em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra o que chama de “golpe”. Em nota, a central sindical diz que “o maior líder popular da história do Brasil foi constrangido a depor coercitivamente pela Polícia Federal, mesmo não tendo uma única prova de que cometeu qualquer ato ilícito”.
A orientação dada pela CUT a suas representações regionais é buscar unidade em defesa do petista em conjunto com os movimentos sociais e construir uma estratégia de ações coordenadas. A CUT informou que fará uma vigília permanente em cada uma das cidades, mas os locais ainda serão definidos.
Para a CUT, a única denúncia contra Lula é a delação, ainda não homologada, do senador Delcídio Amaral (PT-MS). “É o golpe que vem sendo construído pela direita há meses, sendo colocado em prática com a parceria dos grandes meios de comunicação do País, de parte da PF, do Ministério Público e da oposição ao projeto de governo democrático e popular que Lula implantou no Brasil em 2003”, diz a nota da central.
Militares ficam ‘muito preocupados’ com confrontos entre grupos pró e contra Lula
Os primeiros sinais de confronto entre militâncias pró e contra o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente em São Paulo, deixou a cúpula militar “muito preocupada”. Integrantes do Alto Comando das Forças Armadas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo defenderam que “as pessoas que têm responsabilidade de mobilização têm de exercê-la, no sentido de manter o País nos rumos do limite da normalidade social”.
As afirmações são feitas pela preocupação com a incitação que poderá ocorrer pelas mídias sociais, por líderes petistas ou não petistas, incentivando confrontos ou violência por causa da nova fase da Operação da Polícia Federal, que fez buscas na casa de Lula, seus filhos e no Instituto Lula, e levou o ex-presidente para depor à PF.
Há um temor de que, ao longo do dia, os ânimos sejam acirrados e a tranquilidade de grandes cidades seja abalada. Por isso mesmo, os militares dizem que esperam, ainda, que os governadores dos Estados estejam preparados e prontos para impedir que ocorram atos de violência. “Nos preocupa muito que haja radicalismos e esperamos que não submetam a população ao enfrentamento em clima de radicalismo e truculência, que só vão gerar violência e não vão construir ou encontrar solução”, comentou um oficial-general do Alto Comando das Forças Armadas.
A palavra de ordem para os militares é “legalidade” e “pacificação”, além de acompanhamento da situação nos mais diversos pontos do País. A maior preocupação é que, em confronto dessa natureza, todos sabem como começa, mas não se sabe como termina. “As pessoas de responsabilidade têm de ter consciência de que este é um fato judicial”, disse um oficial-general. “Nós não podemos transformar o Brasil em um País de nós contra eles, por conta de um processo que sempre vai deixar para as pessoas a possibilidade de se defenderem e saírem incólumes, defendidas, se este for o caso”, prosseguiu o militar.
A torcida, na área militar, é pela “manutenção da estabilidade e da paz social”, comentou outro oficial-general, lembrando que seria muito importante que as lideranças partidárias, sindicais e de todos os segmentos não alimentem o confronto entre as pessoas.
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A 24ª fase da Lava Jato é realizada um dia após ser revelado um acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que implicou Lula e Dilma em seu depoimento.
Além de Lula, de sua mulher Marisa Letícia e de seus filhos Sandro Luis, Fabio Luis (Lulinha), Marcos Claudio e Luis Claudio e noras, a operação teve outros alvos ligados ao petista. Entre eles estão o diretor-presidente do Instituto Lula Paulo Okamotto, a diretora Clara Ant, que foi assessora especial de Lula quando ele foi presidente, e José de Filippi Jr, que foi secretario de saúde do prefeito Fernando Haddad (PT).
Também estão na lista Léo Pinheiro, amigo pessoal de Lula e sócio da OAS, empreiteira que é investigada tanto no caso do tríplex em Guarujá (SP) quanto do sítio em Atibaia (SP), que tiveram despesas pagas pelas empresa, além dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, donos formais do sítio e sócios do Fábio Luís, o Lulinha, filho do ex-presidente.
Empresas de Fernando Bittar e Jonas Suassuna também estão sendo investigadas. Entre elas está a Editora Gol, um dos maiores fornecedores do livros didáticos do Brasil, que pertence a Suassuna, e a BR4 Participações, em que Suassuna é sócio de Lulinha. Também são investigadas empresas de Bittar, como a Coskin e a M7, além da Gamecorp, empresa que também tem em sociedade com Lulinha.
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