Para Jungmann, espionagem visava a desestabilizar sucessão
O deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) disse na última sexta que a suposta investigação ilegal conduzida pelo delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz teria o objetivo de desestabilizar a eleição presidencial de 2010.
Reportagem da revista Veja desta semana diz que Protógenes teria espionado ilegalmente a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e o governador de São Paulo, José Serra. Protógenes negou a investigação e chamou a revista de mentirosa.
Jungmann disse que se montou uma Operação Satiagraha 2 "para "criar turbulência na disputa presidencial de 2010". Protógenes conduziu a primeira fase da Operação Satiagraha, que investiga supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.
Segundo seus assessores, Jungmann vai analisar o inquérito que apura possíveis excessos cometidos por Protógenes na Satiagraha.
"Existe, sim, um sistema que envolveu praticamente toda a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), parte da Polícia Federal e até mesmo parte da Justiça e do Ministério Público num processo deveras amplo, ilegal, criminoso, de se seguir, de se quebrar privacidade, de se acessar dados sigilosos", disse o deputado.
Em palestra realizada ontem em São Paulo, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz voltou a negar que tenha utilizado métodos ilegais durante as investigações da Operação Satiagraha que resultou na prisão, em 2008, do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.
Segundo o delegado que se referiu diversas vezes a Dantas como o "banqueiro bandido" as informações coletadas ao longo da investigação foram obtidas "dentro da legalidade".
"Fala-se muito em possíveis excessos nos métodos utilizados. Mas todos os dados foram coletados com autorização judicial, tudo dentro da legalidade", disse.
Protógenes ficou conhecido nacionalmente durante a Satiagraha, que prendeu Dantas, o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Todos foram soltos depois. Apesar da projeção nacional, ele foi afastado da investigação e acabou virando alvo de um inquérito da PF que apura eventuais excessos cometidos na operação.
Na semana passada, o caso sofreu uma nova reviravolta com a publicação de uma reportagem da revista Veja, que informou que entre os alvos de Protógenes estariam os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o governador Serra e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, além do empresário Fábio Luiz da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O delegado negou todas as acusações da revista, que chamou de "mentirosas".
Ontem, Protógenes reagiu às acusações novamente, e disse que os "poderosos" tentam transformar "vítimas em acusados". "O privado tem se sobreposto ao público. Os poderosos tentam criar uma confusão para transformar vítimas em acusados e acusados em vítimas", disse.
Segundo o delegado, no dia 1º de abril quando ele será ouvido pela CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, em Brasília o "povo vai conhecer a quadrilha de Dantas".
"Essa quadrilha o povo tem de conhecer, ela merece uma punição exemplar. Os Estados Unidos deram o exemplo prendendo um banqueiro bandido e algemando com a mão para trás", disse, em referência ao gestor de fundos e ex-presidente da Bolsa Nasdaq, Bernard Madoff, apontado por investigações da Bolsa de Valores de Nova Iorque como o maior fraudador da história de Wall Street. "Dantas vive ameaçando autoridades no submundo do jogo do poder."
"No dia 1º (de abril) eu vou poder explicar como se deu a participação de cada personagem citado na investigação contra o banqueiro bandido", completou.
O delegado voltou a criticar o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, seu desafeto político, que concedeu habeas corpus em favor do banqueiro. "O banqueiro bandido foi socorrido com dois habeas corpus. Ele já está condenado em uma sentença bem completa, sob o ponto de vista técnico", afirmou.
O delegado foi aplaudido em diversos momentos por uma plateia de cerca de 70 pessoas, durante o Seminário Estadual do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), em São Paulo.
Da “moderação” de gastos ao imposto sobre os ricos: o pacote do governo, ponto a ponto
Governo quer taxar ganhos isentos dos mais ricos e limitar alcance da correção do IR
Podcast repercute as mudanças no IR e as reações ao pacote de Haddad
Frentes Parlamentares avaliam travar pauta no Congresso se Orçamento não for debatido
Deixe sua opinião